Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: IV - Um anjo familiar

Página 44
Desenhando o tipo específico, nem estabelecemos demarcações bem definidas, nem recusamos admitir algumas, e até numerosas excepções, hoje mais numerosas ainda do que então, em 1855.

É claro, pois, que era neste último bairro que residia o ilustre Mr. Richard e sua família.

O nome da rua sou obrigado porém a ocultá-lo, para evitar indiscrições mal sofridas em terras onde todos se conhecem.

A casa, essa posso descrevê-la, ainda que o farei com o devido artifício, para a não trair para com algum leitor mais desocupado.

Era uma das tais casas escuras, com vidraças de caixilhos brancos, retirada ao fundo de um jardim, nas grades do qual se entrelaçavam tão intimamente as folhas sempre verdes das austrálias e os ramos floridos de japoneiras gigantes, que resguardavam de vistas curiosas as avenidas irregularmente traçadas por entre relva digna de uma paisagem inglesa.

A casa tinha um andar apenas, além do mirante. Uma espécie de pavilhão, ou corpo lateral, seguia um dos lados do jardim, e vinha abrir três amplas janelas para a rua, que era das menos frequentadas da cidade.

Era neste pavilhão o quarto de Carlos.

Toda aquela residência respirava certo ar de comodidade, certo confortable, esse simpático adjectivo do vocabulário inglês.

Andavam-lhe por longe as vozes discordantes da indústria e do comércio, tão funestas às encantadas visões dos sonos matinais.

Tudo parecia fomentar aquele dormir reparador de Carlos, que ia absorvendo a manhã inteira, pelo menos segundo a maneira de contar o tempo dos poucos que ainda hoje começam a dar as boas-tardes logo depois do meio-dia.

Jenny nunca podia adormecer enquanto não ouvisse entrar o irmão, circunstância que, não obstante, lhe ocultava, para não o constranger nos seus prazeres, ou de que apenas o fazia conhecedor, quando nesse constrangimento previa utilidade.

<< Página Anterior

pág. 44 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 44

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432