Desenhando o tipo específico, nem estabelecemos demarcações bem definidas, nem recusamos admitir algumas, e até numerosas excepções, hoje mais numerosas ainda do que então, em 1855.
É claro, pois, que era neste último bairro que residia o ilustre Mr. Richard e sua família.
O nome da rua sou obrigado porém a ocultá-lo, para evitar indiscrições mal sofridas em terras onde todos se conhecem.
A casa, essa posso descrevê-la, ainda que o farei com o devido artifício, para a não trair para com algum leitor mais desocupado.
Era uma das tais casas escuras, com vidraças de caixilhos brancos, retirada ao fundo de um jardim, nas grades do qual se entrelaçavam tão intimamente as folhas sempre verdes das austrálias e os ramos floridos de japoneiras gigantes, que resguardavam de vistas curiosas as avenidas irregularmente traçadas por entre relva digna de uma paisagem inglesa.
A casa tinha um andar apenas, além do mirante. Uma espécie de pavilhão, ou corpo lateral, seguia um dos lados do jardim, e vinha abrir três amplas janelas para a rua, que era das menos frequentadas da cidade.
Era neste pavilhão o quarto de Carlos.
Toda aquela residência respirava certo ar de comodidade, certo confortable, esse simpático adjectivo do vocabulário inglês.
Andavam-lhe por longe as vozes discordantes da indústria e do comércio, tão funestas às encantadas visões dos sonos matinais.
Tudo parecia fomentar aquele dormir reparador de Carlos, que ia absorvendo a manhã inteira, pelo menos segundo a maneira de contar o tempo dos poucos que ainda hoje começam a dar as boas-tardes logo depois do meio-dia.
Jenny nunca podia adormecer enquanto não ouvisse entrar o irmão, circunstância que, não obstante, lhe ocultava, para não o constranger nos seus prazeres, ou de que apenas o fazia conhecedor, quando nesse constrangimento previa utilidade.