Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: IV - Um anjo familiar

Página 45

Tendo por isso notado a hora avançada a que, daquela vez, Carlos voltara a casa, deixava-o agora dormir, para que restaurasse as forças perdidas pela vigília da véspera e porventura necessárias para vigílias novas.

Como uma jovem mãe, solícita pelo sono do seu primeiro filho, desde manhã cedo a viam os criados aparecer nas proximidades dos aposentos do irmão, a prevenir e afastar o menor ruído que pudesse despertá-lo.

No extenso corredor que mediava entre o quarto de Carlos e o resto da casa, passeava, desde o alvorecer, e com passos levíssimos, essa doce figura de mulher, como se fora o anjo-da-guarda daquele estouvado, que nem suspeitava sob que asas protectoras adormecera.

Às vezes parava junto da porta de Carlos e, aplicando aí o ouvido atento, parecia espiar o menor rumor que de dentro saísse a denunciar-lhe o acordar.

Depois afastava-se e dirigia-se lentamente para a sala oposta, onde ia inspeccionar e dirigir os preparativos do lunch de Mr. Richard, cujas horas se aproximavam já.

Numa destas ocasiões em que voltava de dentro do quarto do irmão, encontrou-se com um criado, rapaz ainda, o qual, encostado à ombreira da porta do jardim, parecia tão dominado por pensamentos penosos, que nem lhe deixaram perceber a aproximação de Jenny.

A jovem inglesa olhou-o com bondade e, parando junto dele, perguntou-lhe:

– Como está sua mãe, José?

O rapaz voltou a si e, tomando logo uma atitude de respeito, respondeu:

– Hoje ainda não sei, minha senhora; ontem porém deixei-a bem mal.

– Hoje não sabe?! – exclamou Jenny, desviando o olhar para o relógio do corredor, que marcava onze horas e meia. – Não sabe, e é perto do meio-dia!

– Então, minha senhora? Como o Sr. Carlinhos se levanta mais tarde…

– Vá vê-la, José, vá.

<< Página Anterior

pág. 45 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 45

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432