Tendo por isso notado a hora avançada a que, daquela vez, Carlos voltara a casa, deixava-o agora dormir, para que restaurasse as forças perdidas pela vigília da véspera e porventura necessárias para vigílias novas.
Como uma jovem mãe, solícita pelo sono do seu primeiro filho, desde manhã cedo a viam os criados aparecer nas proximidades dos aposentos do irmão, a prevenir e afastar o menor ruído que pudesse despertá-lo.
No extenso corredor que mediava entre o quarto de Carlos e o resto da casa, passeava, desde o alvorecer, e com passos levíssimos, essa doce figura de mulher, como se fora o anjo-da-guarda daquele estouvado, que nem suspeitava sob que asas protectoras adormecera.
Às vezes parava junto da porta de Carlos e, aplicando aí o ouvido atento, parecia espiar o menor rumor que de dentro saísse a denunciar-lhe o acordar.
Depois afastava-se e dirigia-se lentamente para a sala oposta, onde ia inspeccionar e dirigir os preparativos do lunch de Mr. Richard, cujas horas se aproximavam já.
Numa destas ocasiões em que voltava de dentro do quarto do irmão, encontrou-se com um criado, rapaz ainda, o qual, encostado à ombreira da porta do jardim, parecia tão dominado por pensamentos penosos, que nem lhe deixaram perceber a aproximação de Jenny.
A jovem inglesa olhou-o com bondade e, parando junto dele, perguntou-lhe:
– Como está sua mãe, José?
O rapaz voltou a si e, tomando logo uma atitude de respeito, respondeu:
– Hoje ainda não sei, minha senhora; ontem porém deixei-a bem mal.
– Hoje não sabe?! – exclamou Jenny, desviando o olhar para o relógio do corredor, que marcava onze horas e meia. – Não sabe, e é perto do meio-dia!
– Então, minha senhora? Como o Sr. Carlinhos se levanta mais tarde…
– Vá vê-la, José, vá.