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Capítulo 1: I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor

Página 5

Nos tipos ingleses, que as ondas do oceano arrojam todos os dias às nossas praias, é este fenómeno mais vulgar do que porventura se pensa.

Cada uma dessas figuras britânicas vale por um protesto mudo, mas eloquente, contra os velhos preconceitos de poetas e de escritores meridionais.

Teimam de facto estes em que são indispensáveis os vívidos raios do nosso desanuviado Sol, ou a face desassombrada da Lua no firmamento peninsular, onde não tem, como a de Londres – a romper a custo um plúmbeo céu – para verterem alegrias na alma e mandarem aos semblantes o reflexo delas; imaginam fatalmente perseguidos de spleen, irremediavelmente lúgubres e soturnos, como se a cada momento saíssem das galerias subterrâneas de uma mina de pit-coal, os nossos aliados ingleses.

Como se enganam ou como pretendem enganar-nos!

É esta uma ilusão ou má-fé, contra a qual há muito reclama debalde a indelével e acentuada expressão de beatitude, que transluz no rosto iluminado dos homens de além da Mancha, os quais parece caminharem entre nós, envolvidos em densa atmosfera de perene contentamento, satisfeitos do mundo, satisfeitos dos homens e, muito especialmente, satisfeitos de si.

Nem é para admirar que o romancista inglês James ousasse abrir o primeiro capítulo de um romance seu com a seguinte exclamação:

«Merry England! Oh, merry England!», alegre Inglaterra! oh! alegre Inglaterra!

E por que se não há-de chamar alegre à Inglaterra? Como se generalizou a infundada crença de que o inglês é por força melancólico?

É uma destas abusões, para lhe não dar nome pior, contra as quais ninguém se precavê com suficiente critério filosófico.

Repare o leitor imparcial para qualquer dos membros da colónia inglesa, à qual Mr. Richard Whitestone pertencia,

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pág. 5 (Capítulo 1)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 5

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432