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Capítulo 4: IV - Um anjo familiar

Página 51

– Como foi isto? – perguntou Jenny.

– O pai mandou-me trazer do quarto dele para a estufa este vaso e tanto cuidado me recomendou! e vai eu… veja a minha desgraça, logo ao descer a escada escorrego… Valha-me Deus, valha!

– Sossegue. Meu pai não lhe há-de ralhar muito…

– Pois sim; mas se ele tanto me recomendou! E era um vaso de tanta estimação! Ai, como me principiou hoje o dia, Senhor!

Jenny viu, comovida, a aflição do velho, que nem tinha coragem para apresentar-se diante de Mr. Richard.

A bondosa rapariga baixou-se e, tomando os dois fragmentos do vaso onde se continha ainda a terra com a begónia, uniu-os cuidadosamente e, descendo ao quintal, caminhou, segurando-os, em direcção da estufa.

– Onde vai, menina? – dizia o jardineiro admirado.

Jenny não lhe respondeu.

O velho seguiu-a.

Ao aproximar-se da estufa, onde Mr. Richard labutava em cuidados de jardinagem, Jenny disse-lhe, levantando a voz:

– Não quis confiar a ninguém este vaso, porque… Ai!

Era o vaso que lhe caía das mãos, e vinha fazer-se em pedaços no chão, à entrada da estufa.

– Oh! – disse Mr. Richard, correndo em socorro da begónia.

– Vêem, vêem! – dizia Jenny, fingindo-se consternada – como Deus me castiga a presunção!

– É verdade – disse Mr. Richard agachado – um vaso tão bonito! Criança! Olhem para esta pobre begónia! Como ficou!

– Está vingado, Manuel – continuou Jenny. – Eu a desconfiar de si, e vai…

O velho hortelão não podia falar; enquanto Mr. Richard examinava os estragos da begónia, ele cobria de beijos a mão de Jenny, que não pôde retirá-la a tempo.

Era meio-dia.

– Vamos – disse Jenny a Mr. Whitestone – perdoe-me a culpa e venha ao seu lunch.

Mr. Richard olhou afectuosamente para a filha, a quem afagou nas faces, e,

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pág. 51 (Capítulo 4)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 51

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432