– Como foi isto? – perguntou Jenny.
– O pai mandou-me trazer do quarto dele para a estufa este vaso e tanto cuidado me recomendou! e vai eu… veja a minha desgraça, logo ao descer a escada escorrego… Valha-me Deus, valha!
– Sossegue. Meu pai não lhe há-de ralhar muito…
– Pois sim; mas se ele tanto me recomendou! E era um vaso de tanta estimação! Ai, como me principiou hoje o dia, Senhor!
Jenny viu, comovida, a aflição do velho, que nem tinha coragem para apresentar-se diante de Mr. Richard.
A bondosa rapariga baixou-se e, tomando os dois fragmentos do vaso onde se continha ainda a terra com a begónia, uniu-os cuidadosamente e, descendo ao quintal, caminhou, segurando-os, em direcção da estufa.
– Onde vai, menina? – dizia o jardineiro admirado.
Jenny não lhe respondeu.
O velho seguiu-a.
Ao aproximar-se da estufa, onde Mr. Richard labutava em cuidados de jardinagem, Jenny disse-lhe, levantando a voz:
– Não quis confiar a ninguém este vaso, porque… Ai!
Era o vaso que lhe caía das mãos, e vinha fazer-se em pedaços no chão, à entrada da estufa.
– Oh! – disse Mr. Richard, correndo em socorro da begónia.
– Vêem, vêem! – dizia Jenny, fingindo-se consternada – como Deus me castiga a presunção!
– É verdade – disse Mr. Richard agachado – um vaso tão bonito! Criança! Olhem para esta pobre begónia! Como ficou!
– Está vingado, Manuel – continuou Jenny. – Eu a desconfiar de si, e vai…
O velho hortelão não podia falar; enquanto Mr. Richard examinava os estragos da begónia, ele cobria de beijos a mão de Jenny, que não pôde retirá-la a tempo.
Era meio-dia.
– Vamos – disse Jenny a Mr. Whitestone – perdoe-me a culpa e venha ao seu lunch.
Mr. Richard olhou afectuosamente para a filha, a quem afagou nas faces, e,