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Capítulo 5: V - Uma manhã de Mr. Richard

Página 55

Por isso a ausência de Carlos nesta manhã cavou-lhe uma ruga de descontentamento na fronte, que os ares do jardim haviam expandido, e suspendeu-lhe a ária festiva, mas por ele um tanto estragada, que entre dentes vinha trauteando ao entrar na sala.

Esta música era a de uma das melodias de Russell, popularíssimo compositor e vocalista inglês, a cujas salas, por aquele tempo, corria em Londres a multidão ávida e entusiasta, com o fim de ouvir cantar as próprias composições, que ele mesmo acompanhava ao piano. Nas salas, nos teatros, nas ruas e nos campos, tanto na Inglaterra, como na América do Norte, lê-se em notícias dessa época, repetiam-se as composições deste músico notável, cujo carácter nacional se aperfeiçoara na convivência da escola italiana, sem perder com isso, diz-se, o cunho da originalidade.

De entre a colecção de melodias ou cantos populares, publicadas naquele ano em Londres, e procuradas com alvoroço pelos amadores nacionais espalhados por todo o mundo, havia uma que Mr. Richard sobre todas amava. Era essa a que vinha trauteando ao entrar na sala.

Tanto na índole desta música, como na da letra, que assina o nome do dr. Mackay, encontrava-se de facto muito do característico génio inglês, para justificar de sobra esta preferência.

É um canto de animação aos numerosos bandos de emigrados que de todos os pontos da Grã-Bretanha partem a cruzar os mares, à procura da riqueza e, sem lágrimas, se despedem do berço natal, que todavia amam com fervor. Se é lícito admitir que, nestas lutas travadas no seio da sociedade actual para conquistar a riqueza, pode ainda incidir um raio daquele esplendor épico, de que se iluminam os trabalhos análogos do mitológico Jason, decerto os ingleses são os heróis dessas epopeias modernas.

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pág. 55 (Capítulo 5)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 55

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432