Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 6: VI - Ao despertar de Carlos

Página 69
Carlos; é preciso que pela sua parte faça alguma coisa também. Está dito; não esperarei pelo Verão. O Carnaval está a expirar; acabando ele… penitenciar-me-ei na Quaresma.

– O Carnaval! Muito divertidos devem ser esses bailes de máscaras, para assim te atraírem, Charles!

– Enganas-te, Jenny; são insípidos, mas… Tu não podes talvez entender isto, que não obstante é exacto… são insípidos, mas irresistíveis ao mesmo tempo.

– Ora!

– Acredita-me. Rara é a noite em que me não encho de tédio, em que não morro de sensaboria no meio daquele infernal tumulto, e então, se de lá me lembro de ti, do sossego dos teus serões, do silêncio das tuas noites, do teu bonito quarto cor de violeta, pergunto a mim mesmo, Jenny, por que me conservo longe dali, o que me afasta das portas desse paraíso, voluntariamente perdido por este louco, que nem merece ser teu irmão. Sinto vontade então de soltar uma lamentação como a de Eva por errar num mundo, que ao pé do teu, Jenny, é também obscuro e selvagem; por estar a respirar num ar bem menos puro. – Não é assim que diz o Milton? – E contudo não tenho nenhum arcangélico poder a impor-me a expatriação. Vês?

– Estás a gracejar, Charles?

– Acredita que não. Outros te poderiam dizer o mesmo se…

– E é isso que te conservou por lá, ainda hoje, até às quatro horas da manhã?

– Hoje? Ah! Mas… perdão, Jenny; tudo tem suas excepções. A noite de ontem, por exemplo, não me deixou desagradável memória de si; devo confessá-lo.

– Então?

– Então… é que eu tenho que te contar, e se tiveres a paciência de me escutar e prometeres não me ralhar muito…

– Ah! Pois temos culpas?

– Eu sei? Desconfio tanto de mim, que já me não atrevo a afirmar que procedesse bem. Mas tu o dirás.

Jenny sorriu.

– Ouçamos – disse ela, preparando o almoço, que um criado acabava de trazer para a sala.

<< Página Anterior

pág. 69 (Capítulo 6)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 69

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432