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Capítulo 6: VI - Ao despertar de Carlos

Página 68
já capítulo de que não fosse bem informado, à força de o ouvir citar; e, a falar verdade, ter de passar uma noite a escutar, mais uma vez, os comentários a um e outro, com que fatalmente nos flagela o inesgotável entusiasmo paterno… a falar verdade!

– Charles! – disse Jenny, em tom repreensivo.

– E para cúmulo dos males – prosseguiu Carlos – estar sempre debaixo da permanente ameaça de uma visita do spleen de Mr. Morlays, ou da, não menos para temer, jovialidade de Mr. Brains, Heraclito e Demócrito, ingleses que o sabor nacional tornou mais difíceis de digerir ainda do que os próprios filósofos gregos. Aí está o que me faz procurar aqueles lugares onde, como diz Thompson: «sussurra um público possuído de todos os assuntos e animado de mistos discursos».

Jenny não pôde deixar de sorrir às reflexões do irmão; mas, como para diminuir o efeito desta fraqueza, apressou-se a dizer-lhe:

– Pois sim, Charles; mas nem ontem! Ontem, na verdade!… No dia dos teus anos!…

– Então que queres, menina? Não me lembrei de tal, realmente. Acredita. Reputo tão pouco motivo para festas o facto do meu nascimento!

– Mas os que te estimam formam melhor opinião desse dia. Nem lhes queres dar o prazer de to afirmarem?

– Daria se… se me lembrasse.

– O pai destinava-te uma surpresa. Coitado! Fez-me pena a maneira por que ele me encarregou, ainda há pouco, de te entregar este relógio – disse Jenny, passando para as mãos do irmão o presente de Mr. Richard.

– Deveras?! Pois ele… Pobre pai! Vês? E eu que lhe roubei esse prazer! Ai Jenny, esta minha cabeça! Tu ainda ao menos sabes o que me vai no coração, não é assim?

– Sei, Charles, sei.

– Mas os outros…

– Todos te fazem justiça, só tu é que…

– Mas repara, Jenny, é um relógio magnífico este; pois não é?! Bem; não há que ver, Sr.

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pág. 68 (Capítulo 6)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 68

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432