já capítulo de que não fosse bem informado, à força de o ouvir citar; e, a falar verdade, ter de passar uma noite a escutar, mais uma vez, os comentários a um e outro, com que fatalmente nos flagela o inesgotável entusiasmo paterno… a falar verdade!
– Charles! – disse Jenny, em tom repreensivo.
– E para cúmulo dos males – prosseguiu Carlos – estar sempre debaixo da permanente ameaça de uma visita do spleen de Mr. Morlays, ou da, não menos para temer, jovialidade de Mr. Brains, Heraclito e Demócrito, ingleses que o sabor nacional tornou mais difíceis de digerir ainda do que os próprios filósofos gregos. Aí está o que me faz procurar aqueles lugares onde, como diz Thompson: «sussurra um público possuído de todos os assuntos e animado de mistos discursos».
Jenny não pôde deixar de sorrir às reflexões do irmão; mas, como para diminuir o efeito desta fraqueza, apressou-se a dizer-lhe:
– Pois sim, Charles; mas nem ontem! Ontem, na verdade!… No dia dos teus anos!…
– Então que queres, menina? Não me lembrei de tal, realmente. Acredita. Reputo tão pouco motivo para festas o facto do meu nascimento!
– Mas os que te estimam formam melhor opinião desse dia. Nem lhes queres dar o prazer de to afirmarem?
– Daria se… se me lembrasse.
– O pai destinava-te uma surpresa. Coitado! Fez-me pena a maneira por que ele me encarregou, ainda há pouco, de te entregar este relógio – disse Jenny, passando para as mãos do irmão o presente de Mr. Richard.
– Deveras?! Pois ele… Pobre pai! Vês? E eu que lhe roubei esse prazer! Ai Jenny, esta minha cabeça! Tu ainda ao menos sabes o que me vai no coração, não é assim?
– Sei, Charles, sei.
– Mas os outros…
– Todos te fazem justiça, só tu é que…
– Mas repara, Jenny, é um relógio magnífico este; pois não é?! Bem; não há que ver, Sr.