Além disso têm a fazê-los valer o prestígio da riqueza, prestígio que se impõe até aos que nada esperam dela.
Observa-se às vezes um espectáculo, à primeira vista de difícil interpretação. Um homem, humildemente vestido, de aspecto triste, de cabeça baixa e barbas crescidas, é escutado com ansiedade na roda dos mais esplêndidos membros do corpo comercial; todos parecem esforçar-se por não perder a menor palavra das poucas sumidas que o tal homem pronuncia. De vez em quando, ele murmura não sei que frase e limpa uma lágrima, e os outros levantam as mãos ao céu, cruzam os braços, encolhem os ombros, coçam a cabeça, dão uma volta, como a distrair mágoas, e tornam a acercar-se dele, como se fosse o centro de atracção daqueles elementos dispersos; e toda a cena se reproduz de novo. Que quer dizer isto? – É um negociante falido de pouco e rodeado de credores, a quem, na sua humilhação, domina e que de quando em quando apavora, calculando com voz dolente o diminuto dividendo que lhes concederá. Não há posição social, situação na vida, por mais abjecta e precária que pareça, que não tenha a sua aristocracia. Os ladrões têm os monarcas conquistadores; os homicidas, os duelistas e guerreiros; a pobre, a oprimida, a miserável classe dos devedores, tem os grandes negociantes falidos.
O olhar exercitado em estudar a fisiologia da Praça talvez possa distinguir do negociante, cujos pagamentos ainda em época alguma foram suspensos, aqueles cujas remotas fracturas têm sido miraculosamente consolidadas pelos dotes das esposas. Mas a segurança e franqueza de maneiras é tão igual nas duas espécies, que à nossa análise não é possível a discriminação.
A contrastar com todos estes, vê-se uma turba, igualmente numerosa, agitar-se na Praça, sempre