A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 28: XXVIII Pág. 428 / 508

- Eu a esse não disse.

- Não, a esse quis ocultar, e daí é que veio o mal.

- Ora, ora...

- O que eu sei é que o Vicente veio procurar-me à porta do Mosteiro, e ralhou-me com uma severidade e uma aspereza, como ainda lhe não tinha merecido nunca. Estava o homem convencido de que eu era a heroína de umas aventuras românticas que se verificavam de noite nesta minha propriedade dos Canaviais. E tão irritado estava, que me não quis ouvir, quando eu procurava esclarecer o que para mim era um perfeito enigma. Ao retirar-se, porém, disse-me que não lhe quisesse ocultar a verdade, porque do Torcato soubera tudo.

- Eu não disse...

- E depois a prima...

- Eu então chamei este senhor, armei-me de toda a minha gravidade, e exigi que falasse e me dissesse tudo o que havia e tudo o que sabia a respeito de uns passeios aos Canaviais; ele estava perro, mas afinal falou.

- Mas sabia também que eu vinha? - perguntou Henrique.

- Pois não se lembra de que pela manhã me tinha cansado com perguntas a respeito do caminho para a casa dos Canaviais? Eu já estranhava a insistência; depois do que soube, tive uma suspeita.

Perguntei ao Torcato se lhe falara nisto. A resposta dele, apesar da sua hesitação e ambiguidade, habilitou-me a concluir que teria o gosto de receber o primo em minha casa.

- E que disseste no Mosteiro? Sabem que vieste?

- Não. Disse que ia visitar Brízida, onde passaria a noite. Bem me viste sair. Viemos ambas para aqui ainda com dia para pôr a casa em arranjo.

- São mesmo coisas tuas - disse Cristina, rindo.

- Mas eu não disse nada - insistiu Torcato.

- Porém, por que motivo se irritou tanto o ervanário? - perguntou Henrique. - Que imaginava ele afinal?

- Ah!... É porque este Sr. Torcato teve





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