A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 4: IV Pág. 67 / 508

Ele tem sido, pode dizer-se, mestre de si mesmo. Dirigiu os primeiros estudos de Ângelo e hoje é o seu melhor amigo. A morgada, minha madrinha, legou-lhe um património para ele se ordenar: não quis, e preferiu ser mestre-escola. Meu pai, que lhe reconhecia inteligência para mais, tentou dissuadi-lo disso, mas nada conseguiu. Não há quem o arranque destes sítios.

- Prende-o talvez alguma paixão?

- Não sei. É certo que é um professor modelo. O seu primeiro despacho foi temporário; agora, porém, espera meu pai fazê-lo efectivo; para o que já ele fez novo concurso. Já vê que ambições são as deste rapaz.

- Na verdade! Com muito menos fundamentos há quem aspire a ser ministro. Mas com certeza o coração entra como elemento no problema desse carácter.

- Mas ainda agora reparo! - exclamou a Morgadinha. - Eu esquecida a conversar, e sem avisar a minha tia e Cristina da sua chegada! Não o fiz logo, porque as sabia ocupadas em umas longas novenas, em que andam; mas agora é tempo. Vai, Mariana, e tu, Eduardo; ide ambos dizer-lhes que está aqui o... o primo Henrique de Souselas.

Mariana e o irmão saíram a correr.

- Vai conhecer duas boas almas - disse Madalena, voltando- -se para Henrique. - Minha tia é uma santa senhora, cujo pior defeito é supor-se vítima dos criados; e Cristina... Cristina é um anjo.





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