Uma Família Inglesa - Cap. 3: III - Na Águia de Ouro Pág. 37 / 432

– E prefiro, repito.

– Não sejas ímpio. Quem não acha admirável aquela bonita cabeça da Mariana?

– E a mão? Aquela mão comprida e delgada, onde as veias se desenham em azul; a verdadeira mão artística, aristocrática.

– No assunto «mãos», peço licença para citar a primeira… das províncias do Norte pelo menos, a da Clementina Rialva – lembrou um indivíduo a quem a conversa arrancou a uma quase modorra.

– Apoiado! – entoaram muitas vozes.

– A propósito da Clementina Rialva – exclamou uma crónica viva de boatos do dia –, sabem que o Chico da Lousã sempre a tira por justiça?

– Deveras?!

– Asseverou-me ontem o Brito que, como sabem, é todo dele.

– Terrível catástrofe!

– Deixa lá. O Chico o mais que quer é empregar-se. Ora o Rialva, pai, tem influência e, feitas as pazes do estilo…

– Sim, as pazes sentimentais dos quintos actos dos dramas.

– Que influência tem o Rialva? – perguntou, encolhendo os ombros, um malogrado aspirante à eleição popular.

– Não. Está feito! O cunhado é empregado na secretaria do reino…

– E o ministério deve-lhe serviços.

– Estás enganado. Foi moda falar-se aí muito nos serviços eleitorais do Rialva; pois eu digo-vos que ele nem quatro votos arranjou ao Roboredo.

– Como não arranjou? Ó menino! Pois quem levou lá o Roboredo?

– Quem levou lá o Roboredo foi…

– Eu te digo, Pires; ele teve em tempo alguma influência no ministério, mas depois de um certo emprego na alfândega que pediu para o sobrinho, e que não obteve, abandonou a regeneração…

– Que sobrinho? O que nós em Coimbra chamávamos o gigante Polifemo? Oh! Que alarve!

– Sempre foi um homem que teve a habilidade de concluir o curso e que nunca se pôde conformar com a existência dos antípodas. Dizia ele que até lhe fazia mal





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