– Sei, sim, minha senhora.
– Então não falte. Vossemecê é uma mulher de juízo, e por isso quero falar-lhe. E não diga a Cecília!
– Esteja descansada – disse Antónia, a quem as últimas palavras de Jenny tinham em extremo lisonjeado e ganho de coração para a causa dela.
Cecília chegou à sala.
Dentro em pouco, ambas aquelas duas mulheres de beleza incontestável, ainda que de tão diversa índole, partiam no elegante carro, conversando e rindo, com a despreocupação da juventude.
Jenny tinha com antecipação dado ordens para o passeio.
Seguiram pela estrada da Foz. Passaram quase toda a manhã à beira-mar. Jenny parecia outra. A sua seriedade inglesa cedera o lugar a uma vivacidade de conversação e a um contentamento, quase de criança. Tudo lhe era motivo para alegria, que pouco a pouco se comunicou a Cecília também.
Há poucas coisas tão fatalmente contagiosas como a alegria das pessoas sérias.
Foi uma deliciosa manhã a das duas raparigas. Cecília estava muito longe de prever em que terminaria aquilo.
À uma hora voltavam para o carro e às duas entrava ele, com grande surpresa e sobressalto de Cecília, pela Rua dos Ingleses, então em plena actividade comercial.
A presença das duas amigas causou sensação na Praça. Todos conheciam Jenny; raros, se alguns, podiam dizer quem fosse Cecília.
Um inglês veio cumprimentar Jenny. Ela aproveitou a ocasião para lhe apresentar Cecília. Dentro em pouco corria voz na Praça de que era a filha de Manuel Quintino a senhora que acompanhava a inglesa.
Mr. Whitestone veio receber a filha ao portal. Ao ver Cecília, trocou um sorriso de inteligência com Jenny. Com toda a galantaria as ajudou a descer do carro.
Foi grande a surpresa de Manuel Quintino, vendo entrar a filha no escritório.