– Boa te vai – exclamou Antónia, mortificada. Mas já tinha dito bastante para que Jenny não a deixasse retirar.
– Espere, acabe. Aonde mora essa senhora? Diga.
Antónia estava visivelmente embaraçada.
O tipo inglês de Jenny mostrou-lhe imediatamente que era na presença da própria irmã de Carlos que ela tinha imprudentemente avançado aquelas palavras.
Jenny não lhe deu tempo de dominar esta primeira impressão e de tomar um partido.
– Não se constranja. Fale. Está diante da irmã de Carlos. Sei o facto a que se refere. Eu também tenho o maior interesse em conhecer a pessoa de quem falava. Por isso acabe o que ia a dizer…
– Ora nem vale a pena. A minha ideia não era…
Jenny resolvera não abandonar aquele ensejo de resolver o mistério que se prontificara a elucidar em oito dias. Um secreto pressentimento lhe assegurava que destas pesquisas resultaria a justificação do irmão.
– Vamos – insistiu ela, dando às palavras tom de familiaridade própria a inspirar confiança. – Dizia que tinha descoberto a morada daquela senhora…
– Eu não disse…
– Não negue. Ouça-me. Eu sei tudo o que se tem passado entre meu irmão e Cecília.
– Sabe?!
O que Jenny não sabia era quais as ideias da Sr.a Antónia sobre este assunto, e por isso continuou com a maior precaução:
– Sei, e bem vê que, não só como irmã, mas como amiga, devo… preciso de…
– Mas quais são as tenções da senhora?
– Concorrer para evitar o infortúnio de ambos – respondeu Jenny, ambiguamente.
Antónia interpretou a seu modo a resposta.
– Pois bem; eu sei que a senhora tem muito juízo, e por isso digo-lhe, esta manhã…
Nisto ouviu-se Cecília fechar a porta do quarto.
– Silêncio – disse Jenny –; Cecília vem aí. Vamos sair juntas. Não lhe diga nada, enquanto não falar comigo.