- Também eu, mas, mesmo assim, gostava de o Ver e de encontrar a pista do seu Número Dois.
- Sim, do Número Dois. Estive a pensar nisso, mas não consigo perceber o que é. Que calculas que seja?
- Não sei. É muito profundo. Talvez o número de uma porta.
- Meu Deus!... Não, Tom, isso não pode ser. E se assim fosse, não era nesta terra do lá vem um. Aqui não há números nas portas.
- É verdade. Deixa-me pensar um minuto. Escuta! Naturalmente é o número de um quarto, numa estalagem. Que te parece?
- Olha que deve ser isso! E como há só duas estalagens, depressa se encontra.
- Fica aqui, Huck, que venho já.
Tom partiu a correr. Não queria que o vissem na companhia de Huck.
Passou meia hora. O quarto n.º 2 da melhor estalagem havia muito que estava ocupado por um advogado. Na outra, mais modesta, o n.º 2 era um mistério. O filho do dono da taberna disse que estava sempre fechado à chave, e que nunca via ninguém entrar ou sair de lá, a não ser de noite. Não sabia a razão disto, que já lhe despertara curiosidade, mas contentara-se com a ideia de que havia ali almas do outro mundo; ainda na noite anterior tinha lá visto luz.
- Isto foi o que consegui saber, Huck, e calculo que este n.o2 é precisamente o que procuramos.
- Também eu calculo, Tom. Que vamos fazer agora?
- Deixa-me pensar.
Depois de pensar muito tempo, Tom disse:
- Olha, a porta das traseiras desse n.º 2 dá para uma ruazinha estreita que fica entre a estalagem e aquela arrecadação de tijolo toda desconjuntada. Tu vê se deitas a mão a todas as chaves de porta que puderes arranjar, eu surripio todas as da minha tia, e na primeira noite escura vamos lá e experimentamos; mas não deixes de vigiar Injun Joe, porque ele disse que havia de voltar à aldeia ainda uma vez, a ver se tinha possibilidade de se vingar. Se o vires, segue-o e se não for ao tal n.º 2, é porque não é esse o lugar.
- Céus! Mas eu não quero 'segui-lo sozinho.
- Claro que isto há-de ser de noite. Talvez não te veja, mas se te vir é possível que não perceba nada.
- Está combinado. Se estiver escuro, sigo-o. Não sei. Vou fazer os possíveis
- Pois eu sigo-o se estiver escuro, Huck. Podes estar certo. Se ele se convencesse de que não podia vingar-se, com certeza ia directamente buscar o dinheiro.
- Tens razão, Tom. É assim mesmo. Eu sigo-o. Palavra que sigo.
- Isso é que é falar! Mas não fraquejes, Huck, que eu, pela minha parte, também não!