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Capítulo 33: Capítulo 33

Página 160

Dentro de minutos a notícia correu, e uma dúzia de barcos, cheios de homens, seguiu rio abaixo em direcção à gruta; daí a pouco partiu o vapor carregado de passageiros. Tom Sawyer seguia no mesmo barco do juiz Thatcher.

Quando a porta da caverna foi aberta, deparou-se à vista de todos um triste espectáculo. Injun Joe estava estendido no chão, morto, com a cara junto da frincha da porta, como se nos últimos momentos os seus olhos ansiosos se tivessem fixado na luz do dia e na alegria da liberdade. Isto comoveu Tom, que sabia por experiência própria quanto o infeliz devia ter sofrido. No entanto, apesar de isto lhe despertar piedade, deu-lhe também uma sensação de alívio e segurança, que o fez avaliar como nunca o peso do receio que pesava no seu espírito desde o dia em que erguera a voz contra Injun Joe no tribunal.

A navalha curva do morto estava ao lado dele, com a lâmina quebrada em duas. Tinha-se servido dela para tentar cortar a soleira da porta. Este trabalho, tão difícil e penoso, fora em absoluto inútil, porque a soleira era de rocha e formava um pequeno degrau, cuja parte mais alta ficava do lado de fora. O único dano fora o da própria navalha. Mas, ainda que não houvesse aquela obstrução, a navalha não conseguiria nunca abrir uma fenda suficientemente larga para dar passagem ao corpo de Injun Joe, e ele sabia-o. Era, pois, fácil de concluir que se entregara àquele labor só para fazer alguma coisa, passar o tempo, que parecia não ter fim, e gastar as suas energias.

Era costume encontrarem-se no vestíbulo muitos bocados de vela que, ao sair de lá, os turistas deixavam entalados nas fendas das rochas, mas naquela ocasião não havia nenhum, porque o prisioneiro os tinha comido. Conseguira também apanhar alguns morcegos que comera, deixando apenas as unhas. O desgraçado tinha morrido de fome. Perto dele, uma estalagmite tinha-se elevado do chão, formada pelas gotas de água que caíam duma estalactite por cima dela. O cativo quebrara a estalagmite, sobre a qual pusera uma pedra, onde abrira um buraco com o fim de receber a gota que caía de três em três minutos, com a regularidade do bater de um relógio, numa quantidade que chegaria para encher uma colher de sobremesa em cada vinte e quatro horas. Essa gota já caía quando se fizeram as pirâmides; quando Tróia foi destruída; quando Cristo foi crucificado; quando o Conquistador criou o Império Britânico; quando Colombo navegou; quando o morticínio de Lewingston foi uma novidade.

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Capa do livro As Aventuras de Tom Sawyer
Páginas: 174
Página atual: 160

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 7
Capítulo 3 12
Capítulo 4 17
Capítulo 5 25
Capítulo 6 30
Capítulo 7 38
Capítulo 8 43
Capítulo 9 47
Capítulo 10 52
Capítulo 11 57
Capítulo 12 61
Capítulo 13 65
Capítulo 14 71
Capítulo 15 76
Capítulo 16 80
Capítulo 17 88
Capítulo 18 91
Capítulo 19 98
Capítulo 20 100
Capítulo 21 104
Capítulo 22 110
Capítulo 23 113
Capítulo 24 118
Capítulo 25 119
Capítulo 26 124
Capítulo 27 131
Capítulo 28 133
Capítulo 29 136
Capítulo 30 142
Capítulo 31 149
Capítulo 32 157
Capítulo 33 160
Capítulo 34 168
Capítulo 35 170
Capítulo 36 174