As Aventuras de Tom Sawyer - Cap. 15: Capítulo 15 Pág. 76 / 174

Minutos depois, Tom chegou ao rio, que ia atravessar em direcção à margem do Illinois. Fez a primeira parte do caminho a vau, mas, quando a água lhe chegou à cintura, começou a nadar, cheio de confiança, e percorreu facilmente os cem metros que lhe faltavam. Como teve de fazer uma parte do caminho contra a corrente, que o impeliu com mais violência do que esperava, custou-lhe a chegar à margem. Finalmente lá conseguiu, e deixou-se flutuar até encontrar um ponto baixo para sair da água. Levou a mão ao bolso do casaco e ficou satisfeito por achar a salvo o seu bocadinho de sicômoro; com o fato a escorrer, meteu pelos bosques, seguindo a linha da margem. Pouco passava das dez horas quando chegou defronte da aldeia, no ponto onde o vapor estava amarrado, na sombra das árvores, perto da margem alta. Tudo estava tranquilo sob a luz das estrelas. Olhando atentamente em volta, desceu a margem, deixou-se escorregar para a água, nadou duas ou três braçadas e trepou para a lancha que fazia serviço junto do vapor. Ali estendeu-se por baixo dos bancos dos remadores, e esperou, ofegante.

Pouco depois tocou a sineta, e uma voz deu ordem de desamarrar.

Dentro de dois minutos a viagem principiava. Tom sabia que era aquela a última carreira da noite e estava contente de que tudo tivesse corrido assim. Ao fim de uns longos doze ou quinze minutos, as rodas pararam, Tom saltou com cautela para a água e nadou para a praia, pondo pé em terra a uns cinquenta metros dos barcos, num ponto em que não corria risco de encontrar algum retardatário.

Meteu por ruas solitárias, e em breve se encontrou em frente do tapume do quintal da tia. Trepou por cima dele e, aproximando-se da janela, espreitou pelo vidro, pois havia lá dentro luz acesa. Estavam sentados, a conversar, a tia Polly, Sid, Mary e a mãe de Joe Harper, todos do mesmo lado da cama, que ficava entre eles e a porta. Tom deu a volta e começou a levantar devagarinho a aldraba dessa porta, que rangeu quando a empurrou. Continuou a fazer o possível por abri-la, assustando-se de cada vez que ela fazia barulho. Quando julgou ter espaço suficiente para entrar, ajoelhou-se e começou a meter cuidadosamente a cabeça por essa abertura.

- Por que está a luz a tremer assim? - perguntou a tia Polly, Tom apressou-se.

- Parece-me bem que a porta esta aberta. E está. Que coisas tão estranhas acontecem agora! Vai fechá-la, Sid.





Os capítulos deste livro