As Aventuras de Tom Sawyer - Cap. 33: Capítulo 33 Pág. 166 / 174

- O que são orgias?

- Sei lá! Mas os ladrões têm sempre orgias e já se vê que nós também havemos de as ter. Vamo-nos embora, Huck. Já aqui estamos há muito tempo e calculo que se vai fazendo tarde. Tenho fome e, quando chegarmos ao barco, vamos comer e fumar.

Passado pouco tempo, saíram pelo buraco escondido no maciço de sumagres. Olharam em volta e, não vendo vivalma, correram para o barco onde comeram o farnel que levavam. Depois, quando o Sol começou a baixar, desceram o rio. Ao anoitecer, Tom encaminhou o barco para a margem. Conversaram alegremente e, logo que a escuridão foi completa, desembarcaram.

- Agora, Huck - disse Tom -, escondemos o dinheiro no telheiro da viúva e amanhã de manhã vamos lá contá-lo e dividi-lo; em seguida procuramos um lugar nos bosques para o pormos a salvo. Fica aqui quieto, de guarda a isto, que eu vou num instante buscar o carrinho de mão de Benny Taylor. Não me demoro nem um minuto. Desapareceu e, passados instantes, voltou com o carrinho. Pôs ali os sacos, tapou-os com uns farrapos, e começaram ambos a caminhar, puxando a carga atrás deles. Quando chegaram à casa do galês, pararam a descansar e, no momento em que se dispunham de novo a caminhar, apareceu o velhote, que perguntou:

- Quem está aí?

- Huck e Tom Sawyer.

- Ainda bem! Venham cá, rapazes. Venham comigo. Andem depressa, que está toda a gente à vossa espera. Sigam à frente, que eu levo o carro. Mas que é isto? O carro pesa muito mais do que eu esperava. Levam aqui tijolos? Ou ferro-velho?

- Ferro-velho - respondeu Tom.

- Já calculava. Os rapazes desta aldeia cansam-se mais à procura de ferro-velho para vender na fundição do que se cansariam noutro trabalho qualquer onde pudessem ganhar o dobro, mas a natureza humana é mesmo assim! Depressa, depressa rapazes!

Os dois pequenos quiseram saber para que era tanta pressa.

- Não se importem; logo sabem quando chegarem a casa da viúva Douglas.

Habituado como estava a que o acusassem injustamente, Huck disse, um pouco apreensivo:

- Mr. Jones, nós não estivemos a fazer mal... O galês riu.

- Não sei nada disso, meu rapaz, não sei nada disso. Tu e a viúva não são bons amigos?

- Pelo menos tem sido minha amiga.

- Então por que hás-de estar assim assustado?

Ainda o raciocínio lento de Huck não tinha encontrado a resposta a esta pergunta quando os dois rapazes se sentiram empurrados para a sala de Mrs. Douglas. Mr. Jones deixou o carrinho à porta e entrou também.





Os capítulos deste livro