A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 20: XX Pág. 313 / 508

- És tu, Linda? Estás aí? - perguntou o Cancela, afirmando-se naquele vulto, sem ainda o reconhecer.

- Meu pai... - respondeu uma voz fraca.

- Que fazes tu aqui metida e fechada neste quarto, filha? No quarto mais escuro e mais abafado de toda a casa? Chega-te cá, rapariga, quero-te abraçar e beijar... Então que é isso?... Tens hoje tão pouca pressa de abraçar teu pai?... Dantes, até ao caminho me vinhas esperar... Vem cá, minha filha, vem cá... Se soubesses como me consola...

E estendia os braços para a filha, que lhe viera enfim ao encontro.

Quando, porém, a viu mais perto da luz, calou-se subitamente e principiou a examiná-la com inquieta ansiedade. Depois, como se lhe não bastasse a luz daquele recinto para desvanecer não sei que suspeitas assustadoras que o devoravam, trouxe, silencioso ainda, a filha para o corredor, e continuou aí a fitá-la com olhos eloquentes de paixão e de espanto, bradando enfim, com voz consternada:

- Que é isto? Que tens tu, filha?... Estás doente? Estas não são as tuas feições... Os olhos pisados... as faces abatidas... sem cor... sem risos... sem saúde!... Linda, tu que tens? Diz: choraste, filha? Estás doente? Fala! Anda, fala!... Por piedade!... Por amor de Deus, Linda, fala!

A rapariga, em vez de responder, desatou a chorar.

- Meu Deus! Isto que é, meu Deus? - exclamava, mais assustado, o pai. - Choras ainda mais? Que te fizeram, filha? Ó Linda, tu não tens pena de mim? Não chores!... Ou chora, chora, se te faz bem chorar; mas... fala, diz-me o que tens, diz-me por que choras, filha... Então?

E, com voz trémula, com as mãos unidas e o susto no gesto, como no coração, o pobre homem quase ajoelhava a implorar da filha a explicação daquele doloroso mistério.

Como ela lhe





Os capítulos deste livro