A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 28: XXVIII Pág. 430 / 508

- Sossega, filha, nada que possa transtornar o nosso regresso.

Vamos.

E, passados poucos minutos, saíam todos os que até ali animavam aquela habitação solitária, e ela permanecia outra vez em trevas, em silêncio e na sua quase desolação.

XXIX

No dia seguinte, pela manhã, recebeu-se na Alvapenha notícia da chegada do conselheiro e de Ângelo. A impressão profunda que a este último causara a morte de Ermelinda tinha resolvido o pai a trazê-lo consigo para a aldeia a distrair e robustecer com os ares livres do campo. D. Doroteia apressou-se, segundo o costume, a visitar o conselheiro; Henrique acompanhou-a e de caminho pô-la ao facto do estado do seu coração, e encarregou-a de comunicar isto mesmo a D. Vitória e de fazer-lhe, em seu nome, um formal pedido da mão de Cristina.

D. Doroteia ficou ao princípio admirada. Ainda se não desacostumara de considerar Cristina como uma criança. Havia tão pouco tempo que usava ainda de vestidos curtos! Reflectindo, porém, acabou por achar a coisa natural, vantajosa e agradável, e felicitou o sobrinho pela boa escolha que fizera.

Henrique, com o prazer pueril de um verdadeiro namorado, não se fartou de fazer falar a tia nas qualidades de Cristina, e desta vez as habituais prolixidades da boa senhora não conseguiam enfastiá-lo. Estava deveras apaixonado.

Chegaram ao Mosteiro.

O conselheiro recebeu-os com ar de satisfação e aparente tranquilidade de espírito; mas um exame atento conseguiria descobrir- -lhe no sorriso o que quer que era, forçado, a revelar certa preocupação interior.

É que, desde que chegara, tinha sondado melhor o ânimo do público da terra, ou o dos influentes que o representavam, e reconhecera que estava muito arriscada desta vez a sua candidatura.





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