A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 31: XXXII Pág. 482 / 508

- Há dias, depois de uma cena dolorosa para todos nós, quando saía do Mosteiro subjugado por uma misteriosa e cruel fatalidade, encontrou alguém no limiar da porta, que lhe pediu que não partisse sem se despedir... de quem, através de tudo, o acreditaria inocente. E para esta pessoa não houve uma só palavra na carta de despedida que mandou a meu irmão! E escreveu-a sobre o túmulo de minha mãe! Estas palavras foram ditas com tão sentida comoção, que Augusto esteve quase a lançar-se-lhe aos pés, para pedir perdão; reteve-se, porém, e respondeu turbadamente:

- Porém, minha senhora, por essa ocasião eu jurei também à pessoa de quem fala, e a quem serei sempre grato, que não procuraria tornar a vê-la, nem falar-lhe antes de me poder mostrar aos olhos de todos digno da sua generosa confiança.

- Foi isso que jurou, ou antes que não procuraria ser visto? - perguntou Madalena, sorrindo. - Veja qual desses juramentos será mais em harmonia com os seus actos.

A lembrança da excursão nocturna aos Canaviais, para espiar Madalena, tirou a Augusto o ânimo de responder.

Madalena compreendeu aquele embaraço, e não insistiu.

- Mas suponhamos que assim foi; visto isso, parte para buscar as provas da sua justificação?

- Não, minha senhora; parto, porque desisto dela. Basta-me estar justificado para com a consciência.

- Não tem direito para o fazer. Uma alma que é nobre deve homenagem a si própria. Resignar-se à suspeita é como um suicídio moral.

- Justamente, minha senhora; e não concebe que haja casos em que o suicídio seja natural?

- Meu Deus, Augusto - exclamou Ângelo - como eu o estranho! O que o levou a esse desespero? A Morgadinha sorria, ao responder ao irmão:

- É uma febre que passa, verás. Quer que lhe fale com franqueza, Sr.





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