A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 4: IV Pág. 65 / 508

Madalena sorria, examinando o tema.

Henrique ia a fazer não sei que pergunta a Madalena, quando, à mesma porta por onde ela entrara, apareceu o mestre, de quem se falava.

Augusto, que assim se chamava o recém-chegado, era um rapaz de pouco mais de vinte anos de idade; de rosto pálido e fisionomia inteligente.

Ninguém adivinharia naquele tipo um mestre-escola de aldeia.

Trajava com simplicidade, porém, com asseio e gosto, e havia em toda a sua figura certo ar de distinção que feria quem pela primeira vez o visse.

Num leve pendor da cabeça, no olhar penetrante e fixo, e nos lábios, como habituados a fecharem-se à saída dos pensamentos íntimos, lia-se o carácter pouco expansivo daquele adolescente.

Madalena dirigiu-lhe a palavra, em tom de manifesta deferência.

- Como vão os seus discípulos, Sr. Augusto?

- Optimamente, minha senhora - respondeu o interrogado.

- O Sr. Augusto - disse Madalena, apresentando-o a Henrique - o primeiro mestre de meu irmão Ângelo e hoje mestre de Mariana e de Eduardo.

- Esquece-se, minha senhora - acrescentou Augusto -, que de Ângelo sou discípulo também, e mais discípulo do que fui mestre.

- Do que me esqueci, e, a falar verdade, não devia, foi de que de Ângelo é efectivamente mais do que mestre, é amigo; assim como de todos nós. Este senhor - continuou ela, concluindo a apresentação - é o Sr. Henrique de Souselas, que se esperava em Alvapenha; é ainda nosso primo.

Os dois cortejaram-se com afável delicadeza.

- Teve carta de Ângelo? - perguntou em seguida a Morgadinha.

- Não recebi ainda o correio de hoje.

- Nem nós; e é de estranhar que meu pai pelo menos não me escrevesse! Ângelo não virá passar a festa connosco? Pobre rapaz! Parece que renasce quando se vê aqui.





Os capítulos deste livro