As Aventuras de Tom Sawyer - Cap. 33: Capítulo 33 Pág. 165 / 174

Procuraram uma vez mais e, por fim, sentaram-se desanimados. Huck não podia sugerir nada, mas, ao fim de algum tempo, Tom observou: - Olha lá, Huck. Há sinal de passos e pingos de sebo no gesso, a um dos lados junto da rocha. Para que pode ser isto? Ia apostar que o dinheiro está debaixo da rocha. Vou cavar no gesso.

- Não é má ideia, Tom! - disse Huck, já animado.

Num momento, Tom tirou do bolso a sua autêntica Barlow, e ainda não tinha cavado dez centímetros quando bateu em madeira.

- Ouves, Huck? Ouves isto?

Huck começou também a cavar e a afastar o gesso. Em breve ficaram à vista algumas tábuas que os rapazes puseram para o lado, deixando a descoberto uma fenda natural aberta por baixo da rocha. Tom meteu-se por ela, estendendo o mais que podia o braço com a luz, mas não conseguiu ver-lhe o fundo e propôs ao outro entrarem lá. Dobrou-se e passou. O caminho estreito descia gradualmente. Seguiu todas as suas curvas, primeiro à direita, depois à esquerda, levando sempre o companheiro atrás de si. Por fim, virou-se uma vez mais e exclamou:

- Meu Deus! Olha para ali, Huck!

Numa cavidade da rocha estava, na verdade, metida a caixa do tesouro, bem como duas espingardas nas suas bolsas de cabedal, dois ou três pares de sapatos de pele de corça, um cinto de couro e mais umas trapalhadas cobertas de bolor pela humidade da rocha.

- Conseguimos, finalmente! - disse Huck, passando os dedos entre as moedas marcadas. - Estamos ricos, Tom!

- Sempre calculei que isto nos viria ter às mãos, Huck, mas é tão bom que até parece mentira. Não achas que é melhor não nos demorarmos aqui? Toca a levar a caixa! Deixa ver se posso com ela.

Pesava perto de vinte quilos, por isso Tom levantou-a depois de grandes esforços, mas viu que não seria capaz de a transportar.

- Já pensava isto mesmo, porque na casa assombrada, quando lhe pegaram, também me pareceu que devia ser muito pesada. Bem fiz eu em trazer os sacos.

Os dois rapazes passaram o dinheiro para os sacos e levaram estes para junto da rocha onde estava a cruz.

- Agora vamos buscar as espingardas e as outras coisas! - propôs Huck.

- Não, não! Deixamo-las lá ficar. É exactamente daquilo que precisamos quando formarmos a nossa quadrilha, por isso guardamo-las ali mesmo, porque aquele há-de ser o lugar das nossas orgias. Acho que, assim escondido, é um sítio óptimo para orgias.





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