As Aventuras de Tom Sawyer - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 41 / 174

Dizendo isto, puxava-lhe pelo bibe e pelas mãos.

Pouco a pouco a pequena cedeu e afastou as mãos, mostrando a cara vermelha por ter estado a lutar. Então Tom beijou-lhe os lábios e disse:

-Agora está tudo pronto, Becky, e depois disto já sabes que nunca mais podes amar ninguém senão a mim, nem casar com ninguém senão comigo, para sempre, toda a vida. Ouviste?

- Não. Nunca hei-de gostar de ninguém senão de ti, Tom, nem casar com ninguém senão contigo. E tu também não casas com ninguém senão comigo.

- Pois claro! Uma coisa faz parte da outra. E quando viermos para a escola e formos para casa, tu hás-de ir sempre ao meu lado - quando os outros não estiverem a olhar - e só brincas comigo, porque é assim que se faz quando se está noiva.

- Que engraçado! Nunca tinha ouvido falar nisto.

- Ah! É muito agradável, eu e a Amy Lawrence...

Os olhos esgazeados de Becky mostraram a Tom o disparate que acabava de dizer, e este, confuso, calou-se.

- Oh! Tom! Então não é a primeira vez que estás noivo?

Vendo-a chorar, Tom desculpou-se:

- Não te apoquentes, Becky! Eu já não gosto dela.

- Gostas, gostas. Sabes perfeitamente que sim, Tom.

O rapaz tentou passar-lhe o braço em volta do pescoço, mas ela empurrou-o e, virando a cara para a parede, continuou a chorar. Tom tentou de novo, dizendo-lhe palavras meigas, mas continuou a ser repelido. Então, cedendo ao seu orgulho, afastou-se e saiu; conservou-se no pátio um momento, muito mal disposto, olhando para a porta de vez em quando, à espera de que se arrependesse e fosse ter com ele. Não a vendo aparecer, pensou que podia ser injusto, e teve vontade de fazer nova tentativa de paz. Decidiu-se e entrou. Becky estava ainda sentada ao canto, a soluçar, de cara para a parede. Tom aproximou-se dela e ficou um instante com o coração confrangido, mas sem saber o que fazer, até que disse:

- Becky, eu não gosto de ninguém senão de ti. Não teve resposta, e os soluços continuaram.

- Becky, não me dizes nada?

Mais soluços.

Tom tirou do bolso a sua melhor jóia, a maçaneta de metal de uma tenaz, e passou-a em volta dela para que a visse, dizendo:

- Não queres aceitar isto, Becky?

Ela atirou o presente para o chão e Tom saiu da escola no propósito de lá não tornar naquele dia.

Pouco depois, Becky suspeitou da sua intenção. Correu à porta, mas não o viu. Deu a volta ao pátio e, quando se convenceu de que não estava ali, chamou:

- Tom! Vem, Tom!





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