Pouco depois largaram, com Tom no comando, Huck aos remos e Joe à proa. Tom conservou-se a meio do barco, com um ar preocupado e, de braços cruzados, deu as suas ordens em voz baixa, quase em segredo.
- Todos os homens para cima! Naveguem a favor do vento!
- A favor do vento!
- Mantenham a direcção!
- Mantenham a direcção!
- Um grau a noroeste!
- Um grau a noroeste!
Os rapazes encaminhavam a jangada para o meio do rio, ao mesmo tempo que iam dando ordens só pro forma, pois nada significavam.
- Que velas içaram?
- As velas do mastaréu e a vela pequena.
- Mandem içar a vela de joanete! Uma meia dúzia de homens que venham para cima; eles que firmem o mastaréu de velacho. Depressa, agora!
- Depressa, agora!
- Abram a vela do sobrejoanete maior! Segurem bem as velas. Agora, rapazes!
- Segurem as velas!
- Inimigo a sotavento! Naveguem a bombordo! Agora, rapazes! Ele vem aí! Preparem-se para o encontro! Firmes! - Firmes!
A jangada já tinha passado para além do meio do rio, e os rapazes largaram os remos. O rio não levava muita água, por isso a velocidade da corrente não era de mais de duas ou três milhas. Nos três quartos de hora que se seguiram, os rapazes pouco falaram. A jangada passava agora em frente da aldeia, onde brilhavam duas ou três luzes vacilantes; inconscientes dos acontecimentos tremendos que se estavam a dar, os três rapazes encontravam-se nessa altura separados da sua terra por uma toalha de água, onde as estrelas se reflectiam.