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Capítulo 9: IX

Página 141

Augusto ergueu-se da mesa e foi passear para a alameda.

- Da aldeia não, diz a prima; e porque não? Com esta natureza é fácil criarem-se os poetas. Eu estou vendo nesta quadra a folha solta de um romance. Aqui a serra de algum Bernardim inédito, tão capaz de escrever de saudades, como de as sentir. Os lares, pela sombra dos quais o olhar do poeta trocava os esplendores do Céu..., algumas dessas casas, que aí se vêem em baixo. Quem sabe se não será até o Mosteiro? Eu, por mim, confesso que, se estivesse hoje aqui só, ou em outra companhia - acrescentou, olhando significativamente para a Morgadinha - não teria dúvida em subscrever esta quadra, como a exacta expressão do meu sentir, porque... Em vez de erguer os olhares À luz deste firmamento, Eu também... Os abaixaria aos lares Onde tenho o pensamento.

Cristina levantou-se também da mesa e foi ter com Augusto à alameda.

Madalena, que a seguiu com a vista, não disfarçou um gesto de despeito ao ficar só com Henrique.

- Prima Madalena - disse em tom mais afectuoso Henrique, passado tempo, e depois de mais algumas palavras -, deixe-me falar-lhe com franqueza, agora que estamos sós. Conhecemo-nos há dois dias; eu, porém, sinto-me tão seguro já do que lhe vou dizer, que não hesito. Não pode imaginar a indelével recordação que me ficará desta manhã.

- Perdão - atalhou Madalena -, diga-me primeiro o que é isso que me vai dizer. Prepara-se para me agradecer o almoço? Eu sou como os reis; gosto de estar prevenida do sentido das felicitações que me dirigem, para ir preparando uma resposta adequada.

- Que prazer tem em ser cruel!

- Deixemo-nos de loucuras - continuou Madalena, séria já. - Quem ouvisse o Sr. Henrique de Souselas havia de supor que se preparava para me fazer uma declaração.

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pág. 141 (Capítulo 9)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 141

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506