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Capítulo 9: IX

Página 140

- E, conversando e rindo, dirigiu-se para o lugar onde, sobre uma mesa de pedra e lousa e ao ar livre, estava disposto o almoço.

D. Vitória não era senhora que se saísse mal de empresas destas.

A alvura da toalha, a excelência da louça e o bem disposto e apurado das iguarias convidavam.

Não se concebe apetite refractário a um tal conjunto de circunstâncias.

O fastio, neste caso, seria um fastio mórbido, correspondente a lesão orgânica e, como tal, sem poesia.

Henrique e Augusto principalmente fizeram, como era natural, justiça à cozinha do Mosteiro.

Henrique, que parecia haver esquecido as suas mil e uma doenças, conversou animada e espirituosamente.

Contaram-se anedotas; Augusto aplaudiu as de Henrique; este riu com vontade das que ouviu a Augusto.

A Morgadinha, por sua própria mão, preparou o chá.

Nestas alturas do almoço encetou novamente Henrique o tiroteio de amabilidades, de que por muito tempo não sabia prescindir.

Dir-se-ia ser este o sinal para se perturbar a santa harmonia do congresso. Parecia que todos os outros, mais ou menos, se sentiam contrariados.

Henrique ficara sentado junto da parede da capela. Inclinando- -se sobre o espaldar da cadeira a saborear um charuto havano, descobriu umas letras escritas na parede, exactamente por cima da cabeça.

- Bravo! - exclamou, depois de as ler para si - não imaginava que havia poetas na aldeia! Querem ouvir? E leu: Se estás mais perto do Céu Nestas alturas da serra, Ai, porque tens, peito meu, Inda saudades da terra? Em vez de erguer os olhares À luz deste firmamento, Desço-os à sombra dos lares, Onde tenho o pensamento.

- É pena que a chuva apagasse o resto. Quem é o bardo, prima?

- Não sei; da aldeia decerto que não é - respondeu Madalena, com indiferença.

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 140

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506