Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 10: X

Página 145

Os meios conhecimentos que das suas habituais leituras extraíra, e os erros que de tais livros assimilara, eram os elementos com que chegou a arquitectar uma ciência informe, que na aldeia passava por maravilhosa.

E o caso era que a fama do homem voara de freguesia em freguesia, de concelho em concelho, e de muito longe o vinham ouvir como a oráculo.

Os costumes do velho, que errava por vales e montes à procura dos símplices, cujas ocultas virtudes conhecia, as suas maneiras rudes, a austeridade da fisionomia, a franqueza, sem contemplações, com que dizia quanto pensava, tinham gravado fundo na imaginação popular aquele tipo, para ela quase lendário.

Depois de se sentar à mesa, o ervanário estendeu familiarmente a mão a Augusto, que lha apertou com afecto.

- Bons dias, rapaz - disse o velho; e, dirigindo-se a Madalena e Cristina, acrescentou com maneiras paternais: - Adeus, pequenas; grandes madrugadas hoje! Voltou-se depois para Henrique, e fitou-o com olhos inquisidores e quase desconfiados, terminando por lhe dizer simplesmente:

- Guarde-o Deus! Henrique correspondeu-lhe no mesmo tom.

Sem mais o atender, Vicente voltou-se para Madalena e perguntou- lhe em voz audível para Henrique, e referindo-se a ele.

- Quem é? Henrique respondeu com ligeiro tom de mofa:

- O homem que, melhor que ninguém, está habilitado a responder a essa pergunta.

O velho nem sequer o olhou.

- Este senhor - respondeu Madalena - é sobrinho de D. Doroteia; está hóspede em Alvapenha. Veio para aqui restabelecer-se da saúde.

- Então é doente?... Não parece... Olhar vivo... Cores boas... voz sã... Hum!... Madalena julgou perceber que as maneiras rudes do velho estavam desagradando a Henrique; por isso apressou-se a intervir, respondendo jovialmente:

- A doença deste senhor é um pouco de imaginação.

<< Página Anterior

pág. 145 (Capítulo 10)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 145

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506