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Capítulo 10: X

Página 146

- E grandes efeitos nascem daí - acudiu sentenciosamente o velho. - Lá vêm na Polianteia muitos casos curiosos. Um homem, por ter comido umas amoras, foi atacado de dores de cabeça, de que morreu. Pois tanto cismou que das amoras lhe viera o mal, que até se lhe formou no crânio uma pedra do feitio de uma amora.

- Com efeito! - disse Henrique, com irónica expressão de pasmo - Aí estava um cérebro de concepções rijas.

- É divertido! - disse Vicente, com ligeiro sarcasmo e olhando para Madalena.

- Pelo contrário - acudiu a Morgadinha - o seu mal é a melancolia. Não é verdade?

- Eu já não sei qual é o meu mal. Estou quase a dar razão à tia Doroteia, que lhe chamou mania.

- Mania e melancolia não são a mesma coisa - emendou o velho. - Também lá na Polianteia se diz isso bem claro. A melancolia é sem ira nem fúria, porque procede de humor frio, e a mania, de sangue quente ou cólera requeimada.

- De cólera requeimada? Deve ser uma coisa terrível! - continuou Henrique, no mesmo tom.

Madalena, receando que a ironia dos comentários de Henrique, acabasse por irritar o velho, perguntou a este:

- Parece-lhe que terá cura a doença?

- Pode ter; mais rebeldes melancolias se curam. Este é divertido, afinal. Hum!... Mas contra tristezas e manias não há como folhas de ouro em caldo de frângão com flores de borragem e de erva-cidreira.

- Este é como os calvos que vendem aos outros pomadas para fazer nascer o cabelo; é um argumento vivo contra a eficácia da beberagem que receita para as manias - disse Henrique a meia voz para Augusto, que lhe ficava próximo.

O velho, que não tinha ainda dado mostras de ofensa pelas maneiras impertinentes de Henrique, corou desta vez e faiscou-lhe nos olhos um relâmpago de irritação.

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pág. 146 (Capítulo 10)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 146

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506