A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 11: XI Pág. 166 / 508

- Ora, pois não, não - disseram os lavradores, Pertunhas e o padre.

- Alguns que até ministros têm sido...

- Por essa estou eu...

- O conselheiro mesmo... - resmungou o padre, fungando uma pitada jesuítica - sim, aqui para nós...

- Tanto não digo - continuou o Brasileiro, mais jesuiticamente ainda. - O conselheiro... vamos... Faça-se-lhe justiça. Eu não quero dizer que ele seja uma coisa por aí além... sim... Que diabo tem ele feito afinal?... Mas... Não é dos piores, não é dos piores.

Faça-se-lhe justiça. Não é homem de grandes talentos... isso não; nem mesmo de grande fundo. Sim... Devemos confessar que esta é a verdade... Mas... enfim, vamos andando... Cada um faz o que pode - concluiu o Brasileiro, depois de ter feito justiça ao conselheiro.

- No que ele tem andado mal é em prometer mais do que pode fazer. Há quantos anos nos anda a falar na estrada, e até hoje ainda nem palmo dela? - opinou Pertunhas.

- Meu amigo, engana meninos e chupa-lhe o pão: diz o ditado - ponderou o Brasileiro.

- A falar verdade!... - disse um dos lavradores - com a influência que ele tem, podia...

- Ora adeus! Palanfrório! - atalhou o padre. - Bem me fio eu na influência do conselheiro.

- Eh! eh! eh! - respondeu o Brasileiro, agradado do cepticismo do padre, e acrescentou com um sorriso velhaco: - Não, ele diz que fala com os ministros, que tal, que sim senhores, que domina o partido. Enfim... Ele lá o sabe.

- Para mim é que ele vem de carrinho...

- Eu não sei - concluiu com requinte de velhacaria o Brasileiro.

- Pois eu cá - disse o Sr. Joãozinho, que estivera bebendo em silêncio, e descarregou um murro na banca, que fez tilintar os copos. - Eu cá já disse: se os tais homens das bandeirolas me tornam a passar por as terras, sempre lhes meço as costas com um marmeleiro que lá tenho, e que já me serviu para varrer a feira de Santo Estêvão.





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