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Capítulo 11: XI

Página 170
Não tinha cruzes nem cunhos. Ia-me parte da propriedade.

- Ah! ah! ah! Também não gosta? Diga-me disso! - berrou o Sr. Joãozinho.

- Não é não gostar; é que o traçado era péssimo.

- Não sei porquê.

- Só a expropriação da minha quinta por que preço não lhes ficava?

- Eles, para esses casos, lá têm umas leis a seu modo - notou o padre-cura.

- E por onde há-de ir então a estrada?

- O outro traçado, que eu aconselhei ao engenheiro, parte da herdade do capitão-mor, faz um viaduto nos lameiros, atravessa o pinhal do Cónego, passa o rio numa ponte e...

- Oh! com os diabos; o que aí vai!

- Não é tanto como parece; sendo as obras bem dirigidas... Até aos lameiros só tem a deitar abaixo a casa e o quintal do ervanário.

- Deitar abaixo a casa do ervanário! O pobre diabo rebenta de paixão, se tal fazem - disse, com certa comiseração, o Sr. Joãozinho das Perdizes, que tinha por o ervanário uma sincera afeição e respeito, nele excepcional, desde que lhe atribuía a cura de um tifo que o tivera às portas da morte, e de que o velho, dizia ele, o salvara, com uns cozimentos somente dele sabidos.

- Ora adeus! Antes disso morre o homem de doidice. Está maluco de todo - redarguiu o Brasileiro.

- Também está um bom mágico, está - notou o padre.

- Quer não, que sabe mais do que todos os médicos - acudiu o Sr. Joãozinho das Perdizes -; a mim me livrou de uma maligna.

Oh! que excomungada! E principiou a fazer a história da sua doença.

Os lavradores concordaram em que o homem era sabedor; mas atribuíam-lhe mais misteriosa ciência do que a da Medicina.

- Pois é afinal por onde deve ir a estrada - continuou o Brasileiro.

- Tinham ainda o campo dos Brejos do conselheiro, mas nisso não se fala, já se sabe.

- Ora! pois está de ver - concordou o padre.

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pág. 170 (Capítulo 11)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 170

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506