Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 11: XI

Página 169

- Isso também não é assim... Deus me livre! Não se diz «Deus me livre», porque a riqueza... a riqueza... sim, a riqueza não está na terra... isto é, a riqueza está na terra... mas é preciso o capital para a exploração... Percebe?... Ou... suponhamos... por exemplo... Não... vamos cá por outro lado... Há um deficit num orçamento... desce o preço das inscrições... Ora bem... Mas... suponhamos que há boas estradas, et coetera... A riqueza tende a aumentar... e... e... Enfim, lá que as estradas são úteis, isso é que não tem questão.

Toda esta lengalenga económica foi escutada pelo auditório com profunda atenção.

O Brasileiro, assinante e leitor infalível de vários periódicos políticos, conseguira, à força de leitura, fixar na memória certas frases do artigo de fundo, e acabara por convencer-se de que possuía grandes noções de ciência política. Em ocasiões como esta dava uma sacudidela ao intelecto, e aquelas frases, como os variados objectos do interior de um caleidoscópio, tomavam uma disposição tal ou qual, mais ou menos regular, e assim lhe saía uma dissertação, como essa que viram. Em permanente indigestão económica vivia este portento. A doença não é das mais raras entre políticos.

O Sr. Joãozinho das Perdizes abriu desmesurada e ruidosamente a boca, depois do discurso do Brasileiro, e disse:

- Eu cá por mim não sei dessas coisas. Não se me dava das estradas para poder ir à feira de Penafiel com menos trabalho, mas, já disse, que me não venham mexer na quinta; porque então têm que ver.

- Pois está arriscado a isso - disse o Brasileiro.

- Veremos; depois não se queixem. Temos a história da papelada outra vez.

- Houve a ideia de levar a estrada pela Corredoura fora, depois de tomar à esquerda pelo Crasto e vir direito à Palhoça.

<< Página Anterior

pág. 169 (Capítulo 11)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 169

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506