- Vamos - ponderou o Brasileiro, como quem vira pretexto de fazer novo discurso e como homem que punha acima dos despeitos a verdade científica. - O enterrar nas igrejas é anti-higiénico; porque os químicos sabem que... o ar que não é puro... é mau para a saúde pública. Ora os cadáveres... em putrefacção produzem uns vapores que corrompem o ar... Há uns insectozinhos invisíveis que a gente respira... e vão para a massa do sangue e corrompem-na... e o resultado é a febre... porque a febre são os humores a ferver... como o vinho no lagar... e, se saem, muito que bem; e, se não saem, ficam retidos e azedam o corpo todo.
- A teoria fisiológico-patológica foi recebida com atenção igual à que merecera a económica.
- Tudo isso será assim - disse o padre - mas o conselheiro faz aquilo por instigações das lojas maçónicas e dos pedreiros- -livres.
- Pois ele será também?... - disse um dos lavradores, arregalando os olhos assustados.
- Ora que dúvida! Pois aquela gentinha é toda da súcia.
- Corja - respondeu o Sr. Joãozinho.
O Brasileiro, que se filiara no Brasil na Maçonaria, fez um discurso sobre os fins da sociedade, que ninguém entendeu; vendo, porém, que não calavam nos ânimos aquelas doutrinas, mudou repentinamente de rumo.
- Ele não será mação - disse daí a momentos o padre - mas é ver o que ele tem defendido nas Câmaras: queria roubar às irmandades e às freiras os bens que elas possuem; apeteceu-lhe o exemplo do cunhado, que se encheu com a compra do Mosteiro; queria acabar com o santo sacramento do matrimónio; queria que cada qual seguisse a religião que muito bem lhe parecesse. Vejam que cristão aquele!
- Estas novidades abalaram os lavradores, que formularam algumas palavras de censura.
- E também falou para acabar com os morgados e com os vínculos.