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Capítulo 12: XII

Página 184

Ângelo conversava com Madalena e Cristina, a quem frequentemente fazia rir.

Henrique e o conselheiro, próximos do fogão, estavam empenhados num diálogo muito animado.

O conselheiro parecia estar falando com uma sinceridade e candura que surpreendiam Henrique, que ainda o não tinha observado por esta face.

- É uma triste verdade - dizia por exemplo o conselheiro num ponto adiantado da conversa, referindo-se a algumas considerações de Henrique sobre a felicidade daquela vida do Mosteiro. - Tenho esta família que vê; todos me querem sinceramente aqui, e não sei resistir à fatal necessidade que me arranca de todos estes braços para me lançar ao turbilhão da política e disso que se chama o mundo! Pois amo deveras a minha Lena, creia.

- É um dever que cumpre. Nestes tempos de má-fé política, quem se sente com a coragem de se votar, corpo e alma, à defesa despreocupada dos bons princípios... Nos lábios do pai de Madalena passou um ligeiro sorriso, meio de descrença, meio de melancolia.

- Defesa despreocupada? Isso é quando Deus quer - respondeu ele. - Olhe, Henrique, visto que me veio encontrar em minha casa, a cuja porta eu deixo, ao entrar, todas as máscaras e artifícios de que uso no mundo, vai ver em mim o homem que talvez não esperasse e que, já lhe digo, debalde procurará reconhecer um dia, se me observar outra vez em Lisboa. O que lhe vou dizer não lho diria, nem lho repetirei lá. É verdade que estes ares do campo também actuarão em si para me apreciar e tomar à boa parte a franqueza. Lá não acreditaria nela; se por acaso não a aproveitasse como arma política contra mim...

- Pois julga?...

- Peço perdão, se o ofendi com isto. Não era esse o meu intento, mas é prática tão geral!... Se um dia for político, o que lhe não desejo, dir-me-á.

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pág. 184 (Capítulo 12)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 184

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506