Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: XII

Página 185

Dizendo isto, fez uma curta pausa na conversação.

Rompendo de novo o silêncio, o conselheiro prosseguiu:

- Mas falava aí de princípios, que se defendem com desassombro e através de tudo. Não sei se quis ser lisonjeiro e disse o que não sentia, ou mais do que o que sentia. Em todo o caso, eu, aqui no Mosteiro, acho-me muito às ordens da minha consciência, a qual não me deixa calar hipocritamente. Estou muito longe de ser esse ideal do homem político a que aludiu. Humildemente o confesso; até porque, se quisesse sê-lo, arriscar-me-ia a achar-me só; não teria partido. Porque, qual é o que vê aí nas condições de constância de opiniões que disse? Tenho crenças políticas, é verdade; esposo no coração certos princípios que quisera ver realizados, mas não combato por eles a todo o transe, nem por eles afrontaria o suplício; antes, por vezes, entro em transacções, que são a completa negação da divisa das minhas bandeiras. E este pecado não sou eu só que o cometo; é um pecado venial da nossa época. As grandes ideias, que definem e estremam os campos na política, havemo-las eu e os mais calcado muitas vezes aos pés, para sustentar umas insignificantes fórmulas, um interesse mesquinho, um capricho pessoal. A política desce muitas vezes a isto. E ninguém é isento de culpa neste mal. Para ele concorrem os mesmos que de fora nos julgam severamente. Há muitos destes pecados na minha carreira pública. E, quer que lhe diga: sabe quando vejo claro neles? Quando me persuado de que não são de todo desculpáveis? Quando... - porque o não direi? - quando sinto remorsos de os ter cometido? É aqui, é perante a boa-fé, a sinceridade, a candura desta família, que me tem amor, e que me considera um homem perfeito, superior, impecável. É perante os generosos sentimentos da minha Lena, e o carácter nascente daquela criança - e indicava Ângelo com o gesto.

<< Página Anterior

pág. 185 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 185

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506