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Capítulo 15: XV

Página 230

Acharia justificado o quase terror, com que Madalena e Ângelo escutaram a nova desta expropriação, quem conhecesse a vivenda rústica do ervanário e soubesse do amor que ele votava a cada objecto dela, assim como da vida que, havia tantos anos, ali vivia, escondido e obscuro.

Para o quintal, que a abundância das árvores de espinho fazia sempre verde, abriam-se as janelas da pequena e humilde saleta, onde o ervanário se entregava às suas leituras e lucubrações científicas.

Logo ao pé da porta se estendia o jardim, em parte de recreio, pelas flores que o adornavam, em parte de utilidade, pelos símplices medicinais, de virtudes mais ou menos problemáticas, que o velho nele cultivava.

Vicente tinha entranhada a paixão vegetal, deixem-me assim chamar-lhe. Adorava as plantas pelas suas flores, pelos seus frutos e pelos poderes curativos que lhes atribuía. E, como se elas possuíssem a responsabilidade dos efeitos produzidos, assim lhes queria e as animava, quando salutares; assim as aborrecia e maltratava, quando nocivas. A vida insulada e o génio do velho, que sempre fora dado a singularidades, aumentaram estas disposições, que tinham o que quer que era de panteístico; e não era raro surpreenderem- no conversando com elas, como se convencido de que o estavam compreendendo.

A borragem, a salva, a fumária, a erva-terrestre, a erva-moura, os trevos, os gerânios, as papoulas, as violetas tão boa camaradagem lhe faziam, que nem lhe deixavam sentir a solidão.

O ervanário não tinha pessoa alguma ao seu serviço. Ele próprio cozinhava e por suas mãos fazia todos os mesteres domésticos.

É, pois, de imaginar que não seria muito complicado o banquete das consoadas naquela casa, e que devia formar em tudo contraste com o que à mesma hora se celebrava no Mosteiro.

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pág. 230 (Capítulo 15)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 230

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506