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Capítulo 2: II

Página 26

Ambas tinham ceado já, pois que o faziam ao cerrar da noite.

Enquanto Henrique comia, elas, sem deixarem de o observar com a natural curiosidade de quem havia tanto tempo não tivera um hóspede, faziam-lhe perguntas sobre perguntas, às quais ele ia respondendo conforme lhe era possível.

- Tu dizias-me na tua carta que estavas doente; pois olha que na cara não o parece.

- Não - concordou a criada - tem boas cores, e, vamos, a magreza ainda não é lá essas coisas.

Era este o ponto fraco de Henrique; respondeu logo ao reclamo.

- Não digam isso! Então não vêem como estou? Pois isto é lá cor de saúde? De febre, será. Gordo? Pois acham-me gordo?!

- Gordo, não digo, mas assim, assim... E, depois, como vieste de jornada... Mas afinal que moléstia é a tua, menino?

- Eu sei lá, tia Doroteia? Nem os médicos a conhecem bem. É, entre outras coisas, uma tristeza, uma melancolia, que me não deixa, que me persegue por toda a parte. Às vezes, parece-me que sinto apertar-se-me dolorosamente o coração; outras, são palpitações, ânsias... Tenho quase vontade de chorar, irrito-me, impaciento- me, não quero que me falem, nada quero ver, nada quero ouvir; não leio, não durmo, não como. Finalmente, todo eu sou doença e tristeza.

A boa tia Doroteia olhava com sisudez e atenção para o sobrinho, enquanto ele falava, e na fisionomia iam-se-lhe desenhando, ao ouvi-lo, os mais expressivos sinais de espanto e consternação.

Assim que Henrique terminou a exposição, ela disse-lhe com uma adorável candura:

- Então é assim uma espécie de mania?

À palavra «mania» Henrique sobressaltou-se. Seria a consciência que se sentiu ferida?

- Mania? Ó tia Doroteia! Mania! Veja bem, olhe que o termo é forte! Mania!

- Sim, menino! - insistiu ingenuamente a boa senhora - Pois olha que não é outra coisa.

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 26

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506