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Capítulo 2: II

Página 25
Principiava também a impacientá-lo o ver as duas embasbacadas diante dele; um homem, sujeito a uma exposição destas, por mais que faça, não atina com o modo de arrostar com ela, que não seja ridículo. Ora Henrique, como todo o homem da sociedade, o que mais que tudo temia neste mundo era o ridículo.

Felizmente acudiu-lhe a caridosa intervenção da tia Doroteia, que fez perceber à criada a conveniência de ir preparando a ceia de Henrique, que havia de querer recolher-se. Henrique, apesar de não costumar cear aceitou a ideia, porque o frio, as fadigas e a má alimentação dos últimos dias, haviam-lhe desafiado o apetite.

Demais, o espanto de D. Doroteia, quando lhe ouviu dizer que as ceias não entravam nos seus hábitos, foi tal que lhe tirou o ânimo de rejeitar.

- Não ceias! Ó menino, que me dizes? Então vais-te deitar sem ceia? Ora essa! Por isso vocês são uns peléns. Vejam lá que arranjo este! Ficar toda a santa noite sem alguma coisa que dê sustento ao estômago, que aconchegue. Nada, nada: a ceinha em todo o caso. E tu hás-de também querer mudar de fato?

- Eu venho bastante molhado.

- Ai, então depressa, menino, que não há nada pior do que a roupa molhada no corpo. Ó Maria... Ou deixe estar, eu vou... Anda, Henriquinho, anda lá, que eu guio-te ao teu quarto para te arranjares.

Meia hora depois, Henrique, banhado, enxugado e comodamente vestido, saboreava uma gorda galinha de canja, sobre uma mesa coberta de toalha lavada, e na melhor louça da copeira.

Ele, que tinha sempre severidades de crítica contra os mais afamados cozinheiros de Lisboa, estava achando deliciosa aquela comida primitiva, com que o regalava a tia.

Esta sentou-se a vê-lo comer, e, com a mesma familiaridade que Henrique já anteriormente estranhara, Maria de Jesus sentou-se ao lado da ama.

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 25

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506