Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 18: XVIII

Página 272
À impertinência de admirar estas preciosidades acrescia a de ouvir e de ter de achar graça a um papagaio que cantava o hino brasileiro.

Com estas visitas políticas, passou, como dissemos, todo o período das festas do Natal, sem que entre os personagens da nossa história ocorresse coisa que mereça nota.

Entre Madalena e Henrique mantinha-se a mesma luta moral; nem um nem outro recordavam declaradamente a cena nocturna, em que tão acerbas palavras se haviam trocado. Augusto não voltara ao Mosteiro desde então. Era tempo de férias para as crianças, o que fazia natural esta ausência, contra a qual Ângelo em vão protestava.

Madalena nunca, porém, aludia a ela. Cristina passava o tempo, querendo- se mal por a sua timidez e de quando em quando amuando de ciúmes com Madalena, que ria deles e os dissipava com uma palavra.

Chegou, enfim, o dia de Reis, aquele em que devia realizar-se no pátio do Mosteiro o auto que, havia muito, mestre Pertunhas andava ensaiando.

Henrique e D. Doroteia vieram jantar ao Mosteiro, e ficaram para assistir à solenidade popular.

Já por vezes temos ouvido falar neste auto, que prometia ser coisa memoranda nos anais dos festejos públicos da terra. Havia meses que o Sr. Pertunhas esgotava os tesouros da sua ciência dramática a ensaiá-lo, e vimos com antecipação andar Ermelinda decorando a parte da Fama, que lhe competia desempenhar.

Estes autos e entremeses, que nas aldeias se representam, são como os restos grosseiros que da nossa arte primitiva a varredura estrangeira deixou ficar pelo chão. Não obstante as extravagâncias e as modelações toscas e risíveis de muitos, é certo que nos mostram que a Euterpe rústica tem conservado mais fiel a índole peninsular, do que sua irmã, a civilizada musa das cidades, a cujo paladar já sabem mal as popularíssimas redondilhas, tão apreciadas ainda na Espanha.

<< Página Anterior

pág. 272 (Capítulo 18)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 272

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506