A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 20: XX Pág. 310 / 508

Os três cavaleiros olharam uns para os outros, consternados com a explicação.

Iam a dirigir mais algumas perguntas, quando passou por ali uma rapariguita, guardando porcos, que parou pasmada a olhar para os engenheiros.

- Se V. S.ªs querem, esta pequena vai ensinar-lhes o caminho.

Aceitaram contentes, e cedo partiam, precedidos por a pequena cicerone.

- Grande novidade! - ficou dizendo o Cancela consigo - sim, senhor, com que vão principiar as estradas! Pois nunca cuidei que fosse nos meus dias. Então... querem ver que sempre sai certo o que eu ouvi dizer, que vai abaixo a casa e o quintal do Tio Vicente?... Pois se querem ver... O pobre homem estala de paixão, se isso assim é; isso é que com certeza... Pois, senhores... isto de estradas... é bom, é; pois não é? Sempre é outro arranjo para quem tem de ir à cidade... Nova surpresa esperava o Herodes neste regresso aos lares. De longe ainda, divisou afixado à porta da igreja um edital. Outra circunstância que nas cidades nem nos obriga a desviar a cabeça, porém que nas aldeias toma as proporções de um grande sucesso.

- Ui! Temos novidade - disse o Herodes ao vê-lo. - Edital à porta da igreja! - e aproximou-se para ler.

Proclamava o chefe do concelho aos seus administrados que, por ordens terminantes do governo, eram, desde aquela data, expressamente proibidos, sob as mais severas penas, os enterramentos no interior da igreja, e que todos se fariam no cemitério, para esse fim já construído. Havia no lugar um grupo de populares comentando a ordem e murmurando contra o governo e contra o conselheiro, e falando de oposição e motim.

- Bom, mais outra! - dizia o Herodes, ao apartar-se do lugar.

- Grandes coisas se passaram cá na terra, enquanto eu andei por fora! O pior é que não sei se a coisa irá assim às mãos lavadas; ao que já ouço por aí rosnar!.





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