A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 21: XXI Pág. 337 / 508

Pouco se exige. A coisa é esta: - Na carta a que me referi, e que por acaso me chegou às mãos, fala-se numa outra, ou em outras anteriores, em que se tratava, mais por miúdo, de uma curiosa transacção política que nesta se revela claro. O conselheiro é pouco acautelado; haja vista ao extravio desta, e por isso...

Augusto olhava admirado para o Brasileiro, como se não pudesse compreender onde ele queria chegar.

O Seabra prosseguiu:

- Ora, a mim lembrou-me... como o senhor vai muito pelo Mosteiro... sim, porque julgo que continua a ensinar os pequenos, e, já se sabe... como mestre, entrando a qualquer hora no mais íntimo da casa, sim... demais como a D. Vitória é... um tanto descuidada, como todos nós sabemos... Não sei se me percebe!... Dizia eu... sim, que, se às vezes, por acaso, encontrasse coisa que valesse...

Augusto levantou-se, indignado.

- Sr. Seabra! - exclamou, cheio de cólera.

- Valha-me Deus, eu não quero dizer... Não me entendeu... Bem vê que, se o senhor devesse obrigações ao conselheiro, eu não ousava... Mas...

- Obsequeia-me muito, Sr. Seabra, se não insistir... Entendamo-nos. O senhor está no princípio de vida. Precisa do auxílio de alguém. Oferece-se-lhe ocasião para fazer serviços ao governo, que é finalmente quem pode pagá-los, e que se lhe pede para isso? Quase nada... O senhor sabe perfeitamente que se não trata aqui de desgraçar ninguém, de levar ninguém à forca.

- Visto que V. S.ª insiste, sou obrigado a retirar-me.

- Espere, Sr. Augusto - acudiu o Brasileiro, segurando-o. - Repare no que faz. Não seja precipitado. Eu estou pronto a fazer alguns sacrifícios, se vir que nas suas circunstâncias...

- Visto que V. S.ª não se cala, nem quer que eu me retire, ouça então o que tenho para lhe dizer.





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