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Capítulo 28: XXVIII

Página 420

- O vento é do mar, menina; isto são aguaceiros - notou Brízida, como para desvanecer aquele receio.

- Pois sabe que Cristina vem?

- Eu sei tudo. Ora sente-se ao fogão, que deve vir muito frio. Acendi o lume, porque estava aqui dentro um ar húmido e mofento, muito pouco hospitaleiro. Brízida, olhe que se não percebam lá fora as luzes, que podem amedrontar Cristina. E feche a porta da sala. Abra o coro da capela e prepare chá para quatro. Aqui mesmo, Brízida, aqui mesmo, porque a cozinha está pouco habitável.

Enquanto Brízida cumpria as ordens que a Morgadinha lhe dava, esta, chegando uma cadeira para o fogão, sentou-se defronte de Henrique de Souselas.

- Agora conversemos amigavelmente, primo Henrique. E, antes de mais nada, responda-me a uma pergunta! O que o trouxe aqui?

- Pois não diz que sabe tudo?

- Até certo ponto, entendamo-nos. Não vão tão longe as minhas faculdades que cheguem a devassar intenções, que, porventura, à própria consciência de quem as forma, repugne aceitar.

- Não é esse o meu caso; as minhas intenções são reconhecidas e aprovadas pela minha consciência. Vim para assistir ao espectáculo comovente de um anjo que ora por mim. É um espectáculo a que ainda não assistira, prima. Admira-se da minha curiosidade?

- Acho-a natural e até... louvável. O ponto está que a sua convalescença esteja bastante segura já. Porque o primo Henrique convalesceu há dias de duas doenças.

- De duas?

- Sim; e a mais rebelde não foi a de que o cirurgião o tratou.

- Então?

- A pior, aquela de que eu havia chegado já a desesperar, era a que lhe tinha descoberto, logo na sua chegada aqui, uma doença moral; revelava-se por uma maneira de ver as coisas, de pensar e de proceder, verdadeiramente doentia.

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pág. 420 (Capítulo 28)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 420

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506