A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 31: XXXII Pág. 486 / 508

O olhar de Augusto radiava já com o vivo fulgor da alegria.

- Obrigado, Madalena; deu-me a vida com essas palavras generosas. Deixe-me adorá-la, anjo, anjo libertador! Compreendo os deveres que tenho a cumprir. Hei-de ter força para conquistar as provas da minha inocência. Preciso agora delas; hei-de obtê-las, e depois...

Aqui reteve-se de súbito, e uma nuvem de tristeza toldou-lhe de novo o rosto.

Madalena, como se o compreendesse, concluiu:

- E depois sou eu quem tem o direito de exigir que não pare.

Bem vê que, depois do passo que dei, se algum escrúpulo ou orgulho pesasse no seu coração, Augusto, seria uma dolorosa ofensa que me fazia. Aceitou a mão, que eu com lealdade lhe ofereci; a lealdade obriga-o agora a seguir o caminho do Mosteiro.

Depois de alguns instantes de reflexão, Augusto respondeu outra vez com firmeza:

- Tem razão, Madalena. Terei coragem para cumprir o meu dever.

Escusado é dizer que o Herodes teve de partir só.

O bom homem ficou espantado ao encontrar em casa de Augusto tão inesperada companhia, mas não lhe foi difícil, depois do que viu e ouviu, conjecturar qual a natureza dos motivos que tinham feito mudar de resolução o seu companheiro de jornada.

Partiu, desejando todas as felicidades aos seus amigos. Estes não conseguiram dissuadi-lo de partir.

Não havia já estímulo para arrancar aquele coração ao desalento.

Madalena e Ângelo voltaram ao Mosteiro.

O resto da noite de Augusto passou sob a influência de tão violentas paixões, que desisto de descrevê-las.





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