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Capítulo 31: XXXII

Página 485
Pediste-me que te acompanhasse aqui.

- Hás-de já ter percebido que o pensamento que me obrigou a este passo, que não sei se me deverão censurar, creio até que devem, que esse pensamento não está cumprido ainda.

- Vejo que não.

- Pois é diante de ti, Ângelo, que considero como um homem, como um bom conselheiro, é diante de ti, como seria diante de quem quer que aí estivesse em teu lugar a ouvir-me, que eu vou concluir o meu pensamento.

E, voltando-se para Augusto, Madalena acrescentou com firmeza, que só um demasiado rubor trairia, se a luz fosse bastante para o denunciar:

- Augusto, está pobre, sem família, sem amigos, e, para última provação, até as traições e as suspeitas lhe não pouparam o nome honrado que herdou. Essa posição dá-lhe direitos que eu sei compreender, creia. É uma espécie de nobreza, de que se não pode exigir humilhação alguma. Por isso, sem hesitar, com toda a lealdade, vim aqui em companhia de Ângelo para estender-lhe a mão e dizer-lhe que, se, como tenho razões para crer, as simpatias de uma alma que há muito o compreende, Augusto, se essas simpatias podem bastar às aspirações da sua, se, para ganhar coragem, os meus afectos lhe podem servir, conte com o auxílio da minha alma... e dos meus afectos. É diante de ti, que faço esta confissão, Ângelo. Terás que me ralhar por causa dela?

Ao ouvir aquelas palavras, Augusto esqueceu toda a hesitação, e, tomando entre as suas a mão que Madalena lhe estendia, cobriu-a de beijos apaixonados.

Madalena não teve pressa de retirá-la.

Ângelo veio também beijar as faces da irmã. Era assim que respondia à pergunta dela.

Pobres crianças! Porque afinal eram crianças todos três, crianças a quem inda os romances namoram, sem que se lembrem de que, ao transplantá-los para a vida real, todos os desconhecem e censuram, e só regando-os de lágrimas é que as mais das vezes se consegue nutri-los.

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pág. 485 (Capítulo 31)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 485

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506