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Capítulo 4: IV

Página 50

Abria-se, ao fim desta rua, o alto portão do pátio.

Henrique, deixado só pelo guia ao chegar ali, foi caminhando vagarosamente por esta avenida, dominado por a íntima comoção e sentimento quase de temor, que se apodera de nós em todos os lugares a que se ligam memórias do passado.

A fantasia estava-o transportando a tempos, a que não chegavam já as suas recordações, às épocas, em que, por entre estas árvores gigantes, se via perpassar como um fantasma, o hábito escuro do monge, cuja sombra o Sol, ao declinar no horizonte, tantas vezes projectou, esguia e estirada, ao longo daquela mesma avenida.

Impressionado com esta ordem de pensamentos, chegou Henrique ao portão, transpondo o qual, se introduziu no pátio. Era um largo terreiro de perfeita forma rectangular, limitado ao fundo pela fachada da casa, lateralmente por elevadas paredes, armadas, à maneira de panos de Arrás, com tapeçarias de vigorosas heras. A cada uma das paredes encostavam-se dois tanques de vasta capacidade.

No tempo dos frades vomitavam, sem cessar, as feias e enormes carrancas, de todos estes quatro tanques, grossos jorros de fresca e puríssima água; porém, as medidas económicas do último proprietário e as exigências dos projectos agrícolas haviam derivado para outros fins parte desta abundante veia, de maneira que três daquelas bacias estavam agora completamente a seco.

Os fetos, de folhas recortadas, as pegajosas parietárias, os funchos odoríferos, havia muito que tinham invadido a boca dos encanamentos inúteis onde encontravam asilo imperturbado lacertinos, aranhas e miriápodes, e se estabeleciam pacíficas colónias de caracóis.

A fachada do ex-mosteiro nada tinha de notável pelo lado arquitectónico. A arte não tivera fadigas, ao concebê-la; o cinzel pouco se embotara a executá-la: nem uma coluna singela, nem um florão, nem um tímpano lhe davam a menos pretensiosa aparência monumental.

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 50

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506