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Capítulo 5: V

Página 71
apreciar todo o tesouro de sentimentos que ali se continha; então descobrir-se-lhe-ia nas feições certa beleza ideal, reflexo de bondade e candura, uma dessas claridades que as almas puras e generosas vertem nas fisionomias. Se não fosse recear-me de linguagem que saiba a filosofia, diria que a beleza que possuem umas mulheres assim, é uma beleza subjectiva.

De tudo isto é natural concluir que Henrique de Souselas podia simpatizar com a cândida figura de Cristina, a qual baixava timidamente os olhos diante dele, corando cheia de enleio e confusão, mas que qualquer sentimento que ela lhe inspirasse não conseguiria por muito tempo desviar-lhe o sentido dos encantos mais atraentes da Morgadinha - que a muitos respeitos, menos na bondade de coração, formava contraste completo com sua prima.

Travara-se animada conversação entre as pessoas presentes, e principalmente entre Henrique, D. Vitória e Madalena.

D. Vitória quis ser informada da doença de Henrique. Este passou a fazer-lhe uma exposição igual, com pequenas variantes, à que fizera à tia.

Mencionou, como a ela, aqueles vagos sintomas, aquelas tristezas, impaciências e desalentos, que tão ingenuamente a boa senhora classificara como mania.

Enquanto Henrique falava, Madalena pôs-se a rir.

Henrique tornou para ela os olhos.

- Ó menina, de que ris tu? - perguntou D. Vitória, com certo tom de severidade.

- Rio-me daquela doença, tia. Pois já viu alguém padecer daquilo? Ora diga?

- Eu?... mas...

- Pode dizer que não. E contudo o primo Henrique não mente.

Há daquelas doenças na cidade, há; mas na aldeia são tão raras, que eu mesma as estranho já, eu que as vi noutro tempo...

- Então não crê na realidade delas?

- Não lhe estou a dizer que sim? Ouço até que já têm levado ao suicídio.

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 71

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506