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Capítulo 5: V

Página 72
Acredito-o. Os hábitos da civilização afeiçoam a seu modo a natureza humana e criam moléstias novas, que, nem por isso, são menos naturais. Mas que quer, primo? A minha estranheza, ao ver um desses doentes em plena aldeia, não é modificada por todas estas considerações. É como um homem de casaca e gravata branca; não há nada mais sério e grave numa sala de baile, mas coloque-mo num monte, e diga se o pode olhar a sério.

- Quer dizer que não devo queixar-me aqui, sob pena de zombarem de mim.

- Tanto não digo; mas não o entenderão; isso não.

- Porém a minha doença não é só dessas que se não dão na aldeia, prima Madalena; eu creio que verdadeiras desordens orgânicas...

- Ah! também? Com esse aspecto de robustez?!...

- Se eu sei o que tu estás aí a dizer, Lena! - disse D. Vitória, que não tinha percebido bem o diálogo.

- É que eu, minha tia, teimei em fazer perder ao primo Henrique todos os maus hábitos de cidade, com que veio para aqui. Sem isso não pode curar-se.

- Sujeitar-me-ei da melhor vontade a tão agradável domínio.

- Principia mal, se principia com uma fineza. Já o avisei há pouco...

- Será necessário tornar-me grosseiro, para me salvar? Nesse caso renuncio à cura.

- Grosseiro, não; basta que seja razoável e sobretudo...

- Acabe.

- Acabo? Eu sei? Eu às vezes sou sincera de mais.

- Eu adoro as sinceridades.

- Já que o quer... É preciso que seja razoável e sobretudo... desafectado.

Henrique de Souselas mordeu ligeiramente os lábios, corando.

- Então acha?...

- Acho que está sempre a imaginar-se num salão; faz uns gastos de galanteria, desnecessários e perdidos.

- Ó meninos, eu não vos entendo! - repetia D. Vitória.

Madalena sorriu.

- Digo eu que... Um criado, entrando com as cartas do correio, não a deixou continuar.

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pág. 72 (Capítulo 5)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 72

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506