A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 5: V Pág. 76 / 508

.. A prima Doroteia também, e aqui o primo; mas era, se... Uma perfeita ovação acolheu o projecto; as crianças levaram as suas demonstrações de entusiasmo até o delírio, penduraram-se ao pescoço, à cinta, ao avental da mãe, gritando todas a um tempo:

- Ai, sim, mamã, sim; mande convidar a tia Doroteia, mande! E há-de ficar em casa, sim? Olhe e... e arma-se o presepe... e... e... e havemos de cantar as janeiras... Mande, mande, mamã, por as alminhas; ora mande.

D. Vitória fingia arrenegar-se com aquela pequenada, e erguia o braço, como para a fustigar asperamente, mas, contra sua vontade, rompia-lhe o riso dos lábios.

- Saiam daqui! - exclamava ela, quando conseguia estar séria. - Saiam!... Não ouvem? Espera que eu vos falo... Ai, não fazem caso? Ora esperem... Mariana, já devias ter mais juízo... Então, Eduardo! Tu também? Não tem vergonha! Um homem quase! Saiam daqui, estafermos! A ideia das consoadas em família fora uma ideia que a ninguém deixara impassível. Cristina, a tímida Cristina, não disfarçou um movimento de júbilo; as mãos juntaram-se-lhe instintivamente e raiou-lhe no olhar suave um fulgor pouco costumado.

A própria Madalena não se mostrou superior àquela tocante puerilidade.

Aproximou-se com viveza da tia, e, beijando-a nas faces, disse- -lhe afectuosamente:

- Ora aí está o que é muito bem pensado.

- Pois sim, sim, mas o pior é... os criados - disse D. Vitória.

- Quem fala nisso? Na noite de Natal quem mais trabalha somos nós. Demais teremos, para dirigir as tarefas, a Maria de Jesus, a criada da tia Doroteia.

- Isso é que é a pérola das criadas! Oh! Aquela prima Doroteia, aquela sua tia, primo Henrique, é que teve felicidade! Mas dizes tu... Bem se importam os de cá com a Maria!

- Não tem dúvida.





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