Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 6: VI

Página 93

De pequeno merecera àquele velho uma singular simpatia, e com afecto de pai fora sempre tratado por ele.

Resignou-se a aceitar sem reflexões; até porque sabia ser fácil o escandalizar o velho com elas. O que fazia era evitar, na presença dele, qualquer palavra que pudesse denunciar desejos de possuir um livro qualquer. Mas o velho, como se tivesse de facto algum poder oculto a informá-lo, às vezes parecia adivinhar; e trazia-lhe livros que Augusto deveras desejava, mas a respeito dos quais tinha a certeza de lhe não ter falado; nem eram daqueles que o velho conhecia.

A seu pesar, via-se quase inclinado a adoptar a crença supersticiosa do povo a respeito daquele seu velho amigo.

Pensando melhor, pareceu-lhe procederem de Ângelo as informações pelas quais o velho se guiava na escolha. Não lhe atribuía, porém, o presente, porque as economias de Ângelo não chegavam para tanto.

Depois de tudo quanto temos dito de Augusto, poderá ainda o leitor estranhar os ares pensativos com que o vemos? Poucos passos andados, depois que saiu do Mosteiro, encontrou Augusto a distribuidora das cartas, que lhe entregou uma, sobrescritada para ele. Era de Ângelo.

Augusto abriu-a imediatamente e leu-a ainda pelo caminho.

Era uma extensa carta, em que se sucediam os períodos em um desses longos, incoerentes e difusos arrazoados, que constituem a essência de uma carta de amigo para amigo.

Ângelo falava dos seus estudos, de saudades da terra, de esperanças e de projectos, projectos que, naquelas idades, nascem e morrem a todo o instante. Terminava esta carta, em que lhe participava a sua vinda à aldeia pelo Natal, com o seguinte período: «Peço-lhe que diga à Lindita que se não esqueça de mim. Dentro em poucos dias conto ir ver os coelhos do quintal dela, e ajudá-la a tirar água do poço.

<< Página Anterior

pág. 93 (Capítulo 6)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 93

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506