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Capítulo 9: IX - No escritório

Página 109

Depois, lembrando-se de Carlos:

– Aquele traquinas também! Valha-me Deus!

Em seguida para os caixeiros:

– Os senhores podem ir embora. Vão às máscaras, vão; e olhem se têm juízo e não arruínem a saúde. Adeus. Eu ainda fico.

– Mas se quer que o ajudemos, Sr. Manuel Quintino… – disseram eles, por deferência.

– Eu quero mas é que me deixem. Vão com Deus.

Os caixeiros não se fizeram rogar.

– Agora, juízo – continuou Manuel Quintino, ficando só – juízo, senão só chego a casa à noite e a Cecília há-de estar com canseira já. Como se transtornou hoje tudo! Eu, que contava acabar com isto mais cedo, pois levava o serviço adiantado, e vai… Como diabo lhe deu o rapaz para vir hoje ao escritório?… Bom moço, isso lá é, um coração de pomba… A cabeça é que… E nisto de negócio, então!… Eh! eh! eh!… E o pai a imaginar há pouco… A gente sempre tem cegueiras pelos filhos! Cala-te, boca, que também não podes falar! Coitados dos pais! E o velho quer-lhe deveras… Toda a sua pena é o rapaz não tomar gosto para o comércio. Aquilo também muda… Verduras! Bom rapaz! Bom rapaz! Tem a quem sair. O pai, um homem de bem às direitas… a mãe, era uma santa senhora… Pois a irmã? Isso então nem falemos… Um anjo! E pensar que não são católicos! A falar a verdade! Ora adeus! Protestantes destes, que remédio tem S. Pedro senão ir recebendo-os no Céu.

Em consequência da visita de Carlos, só às três e meia foi que Manuel Quintino pôde terminar a sua tarefa e fechar o escritório, para voltar a casa com apetite no estômago e tranquilidade no coração. Já vê o leitor que tinha razão Carlos ao assegurar que não era das mais proveitosas a sua ingerência nos negócios comerciais.

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pág. 109 (Capítulo 9)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 109

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432