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Capítulo 11: XI – Cecília

Página 121
e Tokay, é porque lhes deram lá fora o diploma de fidalguia; que por nós… continuaríamos calados, a ler um e a beber o outro, sem bem conhecermos a preciosidade que líamos e bebíamos, ou pelo menos correndo-nos de uma nos parecer sublime, e a outra deliciosa.

Ainda que se taxe um dos símiles de menos delicado, é certo que o mesmo sucede com as belezas femininas; costumámo-nos às exclamações à moda: – «Ah! as espanholas!» – «Oh! as italianas!» – «Ai, as alemãs!», e julgaríamos de mau gosto dizer em público: – «As portuguesas!», até sem interjeição prévia a encarecer-lhes a valia.

E isto fazem-no até muitos que nunca transpuseram as barreiras desta cidade, onde não abundam os tipos dessas várias belezas exóticas.

Eu porém atrever-me-ei a arvorar a bandeira puritana nesta campanha gloriosa.

Decerto não serão os leitores que mo levarão a mal.

Deus me defenda de querer, por forma alguma, ferir a fama tradicional de todas as já estudadas e classificadas belezas, admitidas e exaltadas, como tais, no mundo inteiro; a minha tolerância abrange todas; queria somente que se abrisse lugar para as nossas patrícias, que bem merecem essa distinção.

As portuguesas não formam tipo específico, dir-me-ão talvez; são uma variedade apenas de espécie mais vasta. Sempre desejava que conhecessem Cecília, para que depois me dissessem a qual dos tipos femininos consentidos e sancionados pertencia a amiga de Jenny.

Se houvesse uma fórmula única para a beleza feminina, chamar bela a qualquer destas duas mulheres, agora reunidas diante do leitor, seria condenar a outra; tão diversas, tão opostas até, eram aquelas duas fisionomias em tudo! Mas não sucede assim; tem tantas maneiras de se realizar a beleza, tantos meios de excitar em nós, no mais íntimo do nosso peito, essas misteriosas vibrações que nos arrebatam, que seria loucura disputar primazias em casos assim.

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pág. 121 (Capítulo 11)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 121

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432