e Tokay, é porque lhes deram lá fora o diploma de fidalguia; que por nós… continuaríamos calados, a ler um e a beber o outro, sem bem conhecermos a preciosidade que líamos e bebíamos, ou pelo menos correndo-nos de uma nos parecer sublime, e a outra deliciosa.
Ainda que se taxe um dos símiles de menos delicado, é certo que o mesmo sucede com as belezas femininas; costumámo-nos às exclamações à moda: – «Ah! as espanholas!» – «Oh! as italianas!» – «Ai, as alemãs!», e julgaríamos de mau gosto dizer em público: – «As portuguesas!», até sem interjeição prévia a encarecer-lhes a valia.
E isto fazem-no até muitos que nunca transpuseram as barreiras desta cidade, onde não abundam os tipos dessas várias belezas exóticas.
Eu porém atrever-me-ei a arvorar a bandeira puritana nesta campanha gloriosa.
Decerto não serão os leitores que mo levarão a mal.
Deus me defenda de querer, por forma alguma, ferir a fama tradicional de todas as já estudadas e classificadas belezas, admitidas e exaltadas, como tais, no mundo inteiro; a minha tolerância abrange todas; queria somente que se abrisse lugar para as nossas patrícias, que bem merecem essa distinção.
As portuguesas não formam tipo específico, dir-me-ão talvez; são uma variedade apenas de espécie mais vasta. Sempre desejava que conhecessem Cecília, para que depois me dissessem a qual dos tipos femininos consentidos e sancionados pertencia a amiga de Jenny.
Se houvesse uma fórmula única para a beleza feminina, chamar bela a qualquer destas duas mulheres, agora reunidas diante do leitor, seria condenar a outra; tão diversas, tão opostas até, eram aquelas duas fisionomias em tudo! Mas não sucede assim; tem tantas maneiras de se realizar a beleza, tantos meios de excitar em nós, no mais íntimo do nosso peito, essas misteriosas vibrações que nos arrebatam, que seria loucura disputar primazias em casos assim.